A produção do filme “A Fúria”, dirigido por Ruy Guerra e que será lançado apenas em 2023, afirmou que é “infundado” falar que a peça promove discurso de ódio e explicou que a imagem das gravações que tem sido compartilhada por bolsonaristas foi “retirada do contexto da história que será contada”.
“Ruy Guerra filmou um longa-metragem de ficção que será lançado no final de 2023, portanto não há qualquer relação com o processo eleitoral e, muito menos, forjar fake news simulando um fato real”, esclareceu.
“O fato ilegal neste caso é a divulgação de uma cena retirada do contexto da história que será contada”, continuou.
O filme “A Fúria” será o fechamento da trilogia que começou com “Os Fuzis”, de 1964, e continuou com “A Queda”, de 1976. Sua produção começou em 2016.
Membros do governo Bolsonaro estão divulgando uma imagem da gravação em que um homem com a faixa presidencial aparece ensanguentado perto de uma moto. Junto com a foto, falam que a produção era da TV Globo e visa promover discurso de ódio contra Jair Bolsonaro.
A Globo lançou uma nota dizendo que, através do Canal Brasil, tem uma participação de 3,61% nos direitos patrimoniais do filme, mas “não supervisiona a produção. Embora tenha participação acionária no Canal Brasil, a Globo não interfere na gestão e nos conteúdos do canal”.
“A Globo desmente que pertençam a produções suas – seja para canal aberto, canais fechados próprios ou Globoplay – vídeo e fotos que estão circulando nas redes sociais de gravação de obra ficcional mostrando um atentado ao presidente da República. A Globo não tem nenhuma série, novela ou programa com esse conteúdo. Segundo foi informada, a gravação seria de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado ‘A Fúria’, que pretende fechar a trilogia iniciada com ‘Os Fuzis’, de 1964, e ‘A Queda’, de 1976”, diz a nota.
O Canal Brasil também reforçou que “não interfere nas obras que apoia”.
A imagem sem nenhum contexto é, para o governo Bolsonaro, o suficiente para levantar uma teoria da conspiração que atacaria o atual chefe do Executivo. O ministro da Justiça, Anderson Torres, acionou a Polícia Federal para investigar a produção do filme.
O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse, baseado apenas na foto, que “isso não é arte! Isso é um ato imoral à nação e ao governo federal”.
Bom lembrar que, quando o ex-secretário especial de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, fez um vídeo imitando o ministro da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, Mourão tentou minimizar o caso.