A pesquisa foi feita entre os dias 15 e 16, com 2.023 brasileiros. 57% consideram justa a condenação de Lula no caso do triplex (eram 54% em abril de 2018); 38% consideram injusta a condenação (eram 40% em abril de 2018); e 5% não souberam responder (eram 6% em abril de 2018). Percepção do aumento da corrupção cria entraves para o Brasil ingressar na OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico)
Pesquisa divulgada neste domingo (21) pelo Datafolha aponta que a maioria da população (57%) avalia que a condenação de Lula no caso do tríplex de Guarujá pelo ex-juiz Sergio Moro foi justa. Para 38%, a condenação foi injusta e 5% não opinaram. Os índices são próximos aos observados na época da condenação, em abril de 2018. Na época, 54% avaliaram como justa a condenação e 40% como injusta.
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo pesquisa Datafolha, divulgada nesta segunda-feira (22), dividiu a opinião dos entrevistados. Para 51%, Fachin agiu mal, para 42%, agiu bem e 6% não opinaram. Entre os que tomaram conhecimento do tema, 53% avaliaram que Fachin agiu mal, 42% avaliaram que ele agiu bem e 5% não opinaram.
Em 8 de março, Fachin considerou que a Justiça Federal do Paraná não tinha competência para analisar as investigações contra Lula e remeteu os processos contra o ex-presidente nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia para a Justiça Federal do Distrito Federal. A decisão atinge ainda dois processos que apuram doações ao Instituto Lula e que ainda não foram julgadas.
Insatisfeito com a pesquisa, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad criticou-a pelo Twitter: “Tenho uma ideia melhor do que julgar Lula pelo DataFolha. Que tal uma eleição? Já que é para deixar de lado o devido processo legal, melhor o censo do que a amostra.”
MAIORIA TOMOU CONHECIMENTO DA DECISÃO DE FACHIN
A pesquisa revela o poder das redes sociais, como difusora de informações para tomada de decisão política, independentemente do conteúdo. Isso é perigoso. Bolsonaro foi eleito em 2018, em grande medida, a partir de trabalho bem feito nas redes sociais. Esta é a segunda aferição que demonstra este dado.
O levantamento mostra que a maioria da população tem conhecimento sobre a anulação das condenações. Os percentuais são: 1) 37% têm conhecimento e se consideram bem informados; 2) 44% têm conhecimento e se consideram mais ou menos informados; 3) 7% têm conhecimento e estão mal informados; e 4) 13% não tomaram conhecimento.
LAVA JATO EM ALTA, EX-JUIZ EM QUEDA
O trabalho do ex-juiz Sergio Moro na operação Lava Jato é avaliado como ótimo ou bom por 45%. Um quarto (25%) avalia seu desempenho como regular, 27% como ruim ou péssimo e 4% não opinaram. Em comparação à pesquisa anterior, de julho de 2016, a avaliação do ex-juiz piorou. Naquela data 62% avaliaram como ótimo ou bom, 16% como regular, 13% como ruim ou péssimo e 10% não opinaram.
A aprovação ao trabalho de Moro na operação Lava Jato alcança índices mais altos entre os que têm 35 a 44 anos (54%), entre os mais instruídos (53%), entre os que possuem renda familiar mensal de mais de 2 a 5 salários mínimos (54%), entre os que possuem renda familiar mensal de mais de 5 a 10 salários mínimos (55%), entre os mais ricos (57%) e entre os que aprovam o governo Bolsonaro (68%).
A reprovação ao trabalho do ex-juiz alcança índices mais altos entre os moradores da região Nordeste (38%) e entre os que reprovam o governo Bolsonaro (43%).
DADOS DA PESQUISA
No levantamento, realizado entre as últimas segunda e terça-feira (16), foram realizadas 2.023 entrevistas por telefone com brasileiros de 16 anos ou mais de todas as regiões do País. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando nível de confiança de 95%.
OCDE COBRA DE BOLSONARO MEDIDAS CONTRA A CORRUPÇÃO
O governo brasileiro tem sete meses para adotar medidas que endureçam o combate à corrupção. Ao menos esse é o prazo até a próxima reunião de subgrupo criado pela OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para avaliar a situação do Brasil. Representantes da entidade apontam retrocessos institucionais no ataque às práticas ilegais, desvio de dinheiro e atos que degradam os cofres públicos.
Esta é a primeira vez que a entidade cria subgrupo para avaliar a situação de um país na área de combate à corrupção. Na prática, a OCDE não pode aplicar nenhum tipo de punição ao Brasil. Mas a decisão deixa o País mais distante de conseguir vaga no chamado grupo dos países ricos.
Com informações do Instituto Datafolha