O Governo Federal deixou cerca de 58 mil pessoas que fazem tratamento para controle de doenças autoimunes sem medicamentos.
O controle de doenças dermatológicas, reumatológicas e inflamatórias intestinais é feito com o remédio Adalimumabe, 40 mg, que é distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e não foi adquirido pelo Ministério da Saúde desde 2020.
A versão pediátrica do medicamento, de 20 mg, também está em falta, prejudicando cerca de 600 crianças em todo o Brasil.
Em documento enviado ao governo cobrando o abastecimento do SUS, as sociedades brasileiras de Dermatologia e Reumatologia e o Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil, afimam que “sua descontinuidade pode gerar consequências irreparáveis para a saúde do paciente, como perda de visão, de um segmento intestinal e deformidades permanentes”.
“Em muitos dos pacientes é a única droga capaz de controlar a doença, deixando a grande maioria dos usuários com a doença inativa. No caso da hidradenite, de alta carga inflamatória e morbidade, não há sequer substituto terapêutico com potencial capacidade de controle da doença”, afirma a carta.
A coordenadora da BioRed Brasil, Priscila Torres, que tem artrite reumatoide, explica que “é um medicamento que as pessoas não conseguem comprar”. Ela diz que o remédio, que para o Ministério da Saúde custa 11 mil por paciente por ano, “para o consumidor final, que precisa tomar mensalmente as duas injeções da caixa, o custo na farmácia é de R$ 9.200 por mês”. “É uma situação desesperadora”, afirma.
A justificativa do Ministério da Saúde para a falta do medicamento é que está “aguardando a finalização do processo de compra via pregão eletrônico” para dar continuidade ao abastecimento da rede. Segundo o Ministério, “ainda não há previsão para a normalização do fornecimento de Adalimumabe”, que é de uso contínuo.