A foto de um idoso que morreu no chão de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Teresina, no Piauí, após ter complicações cardiorrespiratórias, chocou os brasileiros. O idoso morreu na tarde de quarta-feira (17), enquanto era atendido no chão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Promorar, na zona sul de Teresina. Com superlotação por casos de Covid-19, a unidade de saúde não possuía maca para colocar o paciente.
De acordo com a Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina, o paciente chegou em estado grave, trazido nos braços de um parente, e a equipe de plantão iniciou as tentativas de reanimação imediatamente enquanto era providenciada uma maca.
A fundação disse ainda que todas as salas da unidade estavam ocupadas, inclusive os leitos extras. Segundo a FMS, devido à gravidade, não era possível interromper o processo de ressuscitação cardíaca.
O órgão informou que todos os recursos foram usados para a reanimação do paciente. Profissionais relataram que a UPA do Promorar passar por uma superlotação e falta de estrutura para lidar com a atual demanda.
A técnica em enfermagem Polyena Silveira, que atuou na equipe que atendeu o paciente, disse que foram realizados mais de seis ciclos de reanimação cardiopulmonar e, mesmo assim, não conseguiram reanimar o paciente.
“A pessoa que trouxe o paciente nos braços esperou um lugar para colocar o paciente, mas o cenário que nós estávamos não tínhamos onde colocá-lo a não ser no chão. Não tínhamos leitos e nem maca naquele momento”, afirmou Polyena, ao portal “Cidade Verde”, do Piauí.
A técnica informou que o idoso deu entrada em estado grave com parada respiratória e a equipe que estava de plantão, três técnicas de enfermagem, um médico e uma enfermeira tentou reanimá-lo. O idoso foi levado para a Sala Vermelha, que atende pacientes de urgência, e no teste rápido, ele testou negativo para a Covid-19.
“Ficamos mais de 20 minutos de joelhos tentando reanimar o paciente”, conta.
A técnica que trabalha há oito anos na rede hospital e presta serviço no HUT (Hospital de Urgência de Teresina) e na Upa do Promotor, conta o sentimento que o abateu quando o idoso morreu.
“Fiquei sem palavras, sentir dor, e deixei essa dor escorrer pelos olhos e imaginava que poderia ser qualquer pessoa da minha família ali no chão. Ali estava olhando para todos os pacientes graves e fiquei olhando para o cenário e pensei: meu Deus o que é isso? Não temos onde colocar ninguém. Foi um momento de dor, naquele momento fiquei em choque e mais me doía, além de não trazer a vida de volta, foi aquela situação que não é digna de ninguém passar por aquilo ali”. “Quando tudo terminou, todos choramos”, disse.
Falta de leitos no estado
Na semana passada, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) informou que existem atualmente 139 pessoas infectadas pelo coronavírus na fila de espera por leitos em todo o Piauí. A taxa de ocupação de leitos de UTI no Piauí está em 91% e a de enfermaria, 71%.
Segundo a Sesapi, serão abertos ainda nesta semana, dez novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina, e dez leitos clínicos no Hospital Regional Senador Cândido Ferraz, em São Raimundo Nonato.
A Sesapi também estuda implantar mais dez leitos de UTI e 20 clínicos no anexo do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde, em Parnaíba, 50 leitos clínicos no Hospital da Polícia Militar e mais 12 leitos clínicos no Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella, ambos na capital.