Senadores se mobilizam e cobram do governo federal medidas urgentes para socorro às vítimas das enchentes na Bahia. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, defendeu a edição de uma medida provisória que libere imediatamente recursos para os municípios atingidos e manifestou solidariedade ao povo baiano. “Manifesto minha solidariedade ao povo da Bahia que, assim como nós, mineiros, sofre com a tragédia ocasionada pelas fortes chuvas. Amparar vítimas e reconstruir as cidades: essas são as prioridades”, declarou.
Em atendimento às reivindicações dos senadores pela Bahia Angelo Coronel e Otto Alencar, ambos do PSD, além de Jaques Wagner (PT), o governador do Estado, Rui Costa (PT) anunciou a abertura de uma linha de crédito especial, de até 150 mil e a juro zero, para ajudar na recuperação de estabelecimentos comerciais afetados. Já o governo federal disse ter disponibilizado cerca de R$ 20 milhões da Defesa Civil Nacional para o enfrentamento da situação.
Coronel destacou o empenho de todos os senadores, independente das questões partidárias e eventuais divergências políticas no esforço para minimizar os danos causados à população. “No Senado, estamos à disposição para ajudar a minorar a dor dos baianos. Divergências políticas foram deixadas de lado e o poder público está unido para amenizar o sofrimento de toda a população atingida”, ressaltou. “Estamos deixando partidarismos de lado e partindo para realmente salvar vidas”, completou.
Otto cobrou a atuação efetiva das Forças Armadas no socorro à população baiana e destacou que a ação humana tem contribuído para essa calamidade, justificando que as fortes chuvas são atípicas nessa época do ano no Estado. Segundo ele, a devastação da vegetação que protege as margens dos rios agrava situação. O senador cobrou ações do governo federal e disse que Marinha, Exército e Aeronáutica podem contribuir nos resgates da população ilhada e na distribuição de água, comida e medicamentos.
“As Forças Armadas têm que dar suporte, então, é importante que o senhor presidente da República, a quem cabe a responsabilidade pela nação, disponibilize essa estrutura para ajudar o estado”, defendeu.
A Força Aérea Brasileira (FAB) alegou que integra a cooperação mútua entre o Ministério da Defesa, o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Regional na ajuda humanitária em apoio aos municípios atingidos. A assessoria de imprensa do órgão declarou no domingo (26) que duas aeronovaves H-36 Caracal decolaram do Rio de Janeiro e de Natal com destino a Ilhéus (BA) para o transporte de pessoas e mantimentos.
Jaques Wagner citou a solidariedade que caracteriza o momento atual e o intenso trabalho de voluntários de todo o país, além do apoio de instituições como o Corpo de Bombeiros. Nas redes sociais, o senador defendeu uma união de esforços “que ampare as pessoas, antes de tudo”.
O volume de chuvas no sul da Bahia é o maior dos últimos 32 anos, segundo a Defesa Civil. Até esta quinta-feira (30) 25 mortes foram confirmadas, sendo que mais de 400 pessoas estão feridas. No total, 141 cidades relataram estragos pelas chuvas e 136 municípios declararam emergência. O número de baianos atingidos passa de 600 mil.
Apesar desse caos, Jair Bolsonaro, que está de férias em Santa Catarina recusou a oferta, pelo governo argentino, do envio de uma delegação composta por 10 técnicos especializados em desastres naturais para auxiliar nos trabalhos de socorro. Vale ressaltar que o presidente não visitou nenhuma das cidades castigadas pelos temporais. Sua presença no litoral catarinense, onde passará o réveillon, acontece desde o dia 27.
Bolsonaro justificou a negativa do governo federal à ajuda humanitária oferecida pelo governo da Argentina, dizendo que o “fraterno oferecimento argentino” foi recusado neste momento já que as Forças Armadas e a Defesa Civil estavam prestando a assistência que foi oferecida pelo país sul-americano.
CONVOCAÇÃO
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou requerimento em que pede a convocação de Carlos Alberto França, ministro das Relações Exteriores, ao Congresso Nacional para explicar os motivos da recusa do governo federal em aceitar ajuda humanitária oferecida pelo país vizinho.
“A Constituição Federal é nítida ao estabelecer, em seu art. 4º, parágrafo único, que as relações internacionais da República Federativa do Brasil deverão buscar a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina justificou Randolfe. “No entanto, mesmo diante de uma tragédia humanitária provocada pelas fortes chuvas e enchentes na Bahia, o Governo de Jair Bolsonaro é incapaz de respeitar a Carta Magna e de receber a solidariedade e ajuda do governo argentino”, criticou o parlamentar no pedido protocolado ao Senado.
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