Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), resiste. Mas pelo “andar da carruagem”, à medida que o tempo passa a situação fica pior e Pacheco não terá como segurar a investigação, até porque o presidente não ajuda
Os senadores Randolfe Rodrigues (AP) e Fabiano Contarato (ES), ambos da Rede Sustentabilidade, voltaram a cobrar, nesta segunda-feira (22), do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19, para investigar crimes cometidos pelo governo Bolsonaro na pandemia.
O pedido de criação e instalação da CPI foi protocolado em 4 de fevereiro, com a assinatura de 30 senadores, o número mínimo de assinaturas exigido pelo regimento do Senado são 27. O senador Randolfe Rodrigues é o autor do requerimento. Na semana passada, Pacheco disse ao site “O Antagonista”, que o requerimento está “pendente de apreciação”.
Randolfe, que é o líder da oposição, afirmou que a alegação de Pacheco de que “não é momento” para CPI não faz sentido.
“O único efeito colateral de uma CPI agora seria a conclusão inconteste de que o ministro da Saúde e o presidente da República, em algum momento, terão de ser presos pela condução da pandemia”, afirmou, enfaticamente.
MOÇÃO DE APELO INTERNACIONAL
Contarato disse que o pedido de socorro feito por senadores ao mundo não resolve o problema. A moção foi assinada por nada mais, nada menos, que 65 senadores (quase 81% da Casa), e apela à comunidade internacional dos países membros da ONU (Organização das Nações Unidas) chamando a atenção do mundo para a necessidade de o Brasil obter vacinas contra a Covid-19.
O documento deve ser votado em plenário nesta terça-feira (23).
“Diante da omissão criminosa de Bolsonaro, as demais instituições precisam agir para atenuar o desastre. Mas essa medida emergencial, por melhor que seja, não deve excluir a CPI para investigar os crimes de Bolsonaro e mandá-lo, com urgência, para a cadeia”, avalia Contarato.
MAJOR OLIMPIO
O senador Major Olimpio (PSL-SP), morto na última quinta-feira, por Covid-19, foi um dos 30 senadores signatários do requerimento do senador Randolfe Rodrigues para criação da CPI da Covid-19.
“Sem dúvida cria mais pressão. Os senadores estão muito emocionados com a situação. Hoje [na última quinta-feira (18)] na reunião de líderes, antes mesmo da notícia da morte do Olimpio, dois senadores choraram. Relatam que recebem pedidos de ajuda de pessoas e não podem fazer nada. Além da morte do terceiro senador, também, há comoção com a perda de assessores e funcionários do Senado”, relatou o assessor da consultoria política Arko Advice, Marcos Queiroz.
“ULTIMATO” A BOLSONARO
Os presidentes, respectivamente, da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), conversam com membros de setores da economia, saúde e educação para levar diagnóstico mais amplo da situação do País para o presidente Jair Bolsonaro no encontro que vai reunir o comando dos Três Poderes. A informação é da âncora da CNN, Daniela Lima.
Pessoas próximas a Lira e Pacheco dizem que o Congresso vai caminhar para dar “um ultimato” a Bolsonaro para que o governo seja funcional no combate à pandemia. Relatos são de que a situação atual é de disfuncionalidade no governo federal.
Ainda segundo a jornalista Daniela Lima, Pacheco está sendo aconselhado a ter uma conversa dura e franca com Bolsonaro, uma vez que a pressão sobre o Parlamento é “enorme”. O Congresso pode ser forçado, como pedem alguns governadores, a tomar as rédeas do combate à pandemia no Brasil.
MAIS PRESSÃO
Outro órgão, o STF (Supremo Tribunal Federal), cujos ministros estão insatisfeitos com a condução do governo Bolsonaro na gestão da pandemia, vai impor mais pressão sobre o Planalto.
O órgão máximo do Judiciário viu seus problemas com o presidente se intensificarem neste final de semana, quando Bolsonaro disse que pode usar as Forças Armadas para garantir a “liberdade do povo” para derrubar medidas de isolamento social que visam aliviar o sistema de saúde brasileiro, que está em colapso.
Com informações de “O Antagonista”