Em greve desde terça-feira (14), os servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio) estão exigindo o afastamento do presidente da instituição, Marcelo Xavier.
Na última quarta-feira, os funcionários realizaram uma manifestação em frente ao órgão pedindo Justiça pelo assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista e ex-funcionário da Funai, Bruno Pereira.
Segundo os servidores, o presidente da instituição não faz nada para garantir a segurança dos servidores que atuam em áreas de risco, dominadas por exploradores ilegais de madeira, garimpeiros e traficantes, assim como não garantiu a segurança dos funcionários que ajudavam nas buscas de Bruno e Dom Phillips no Vale do javari.
“Isso não começou hoje, desde que ele (presidente da Funai) sentou aqui tem servidor nosso morrendo em campo e nada foi feito. Não temos o mínimo de segurança para trabalhar”, disse o servidor Guilherme Martins, durante o protesto.
“Enquanto Bruno estava sendo violentamente assassinado no Rio Ituí, Marcelo Xavier estava difamando ele em rede nacional. O presidente fez duas entrevistas em rede nacional contando mentiras sobre o Bruno. Ele teve o escárnio de lançar um documento oficial difamando o Bruno e o criminalizando. Marcelo não tem o mínimo de dignidade para ocupar a cadeira da Funai. Por isso os servidores estão em greve, não aguentamos mais”, disse.
O indigenista Bruno Pereira, que era servidor concursado de Funai, esteve à frente de uma das maiores operações de desmonte de garimpo ilegal na terra indígena Yanomami, em Roraima, em 2019, quando, 15 dias depois do evento, foi exonerado do cargo sem justificativa.
Durante o protesto, o servidor Guilherme Martins disse ainda: “Todos nós indigenistas somos o Bruno, hoje e sempre. A força dele vai continuar ecoando em todos nós, e vai reconstruir a política indígena que o governo desconstruiu”.
Além da saída do presidente do órgão, os servidores reivindicam Força Nacional nas três bases que estão no Javari, uma força tarefa para fazer um rodízio com os servidores que estão no local, dormindo em canoas, pois a base da Funai está em pedaços, e uma retratação sobre a morte do Bruno.
“Nós estamos em greve pedindo ao Ministro da Justiça que retire o Xavier do cargo e atenda nossos pedidos. Tudo pode ser cumprido com uma canetada. A Força Nacional responde ao Ministério da Justiça. A força tarefa já foi realizada na Funai em diversos espaços, e retratar-se em uma carta é o mínimo que um ser humano pode fazer. As leis da Funai, que o presidente deveria conhecer, ele mostrou total despreparo”, afirmou o representante do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF, Gustavo Cruz.