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Citando trechos de discursos do presidente Lula, em especial a fala de maio de 2024 em que ele diz “Nunca deixem de reivindicar. Nunca baixem a cabeça. Apenas com muita luta a gente conquista”, sindicalistas e servidores públicos da educação filiados aos partidos que compõem a Federação Brasil Esperança encaminharam uma carta aos presidentes do PCdoB, Luciana Santos; do PT, Gleisi Hoffmann; e do PV, José Luís Penna, solicitando que os dirigentes da frente que elegeu Lula se reúnam com “urgência” para tratar do tema da greve da educação federal em curso.
A carta ressalta a legitimidade e abrangência do movimento dos docentes e servidores técnico-administrativos por reajuste salarial, reestruturação de carreira e verbas para a educação, afirmando ser uma “greve histórica”, “profundamente enraizada nas bases” e liderada por entidades altamente representativas dos servidores como Andes, Sinasefe e Fasubra. O documento repudia o acordo assinado pelo governo com o Proifes, “uma federação que tem representatividade questionada”, afirmando que a entidade não representa o conjunto dos profissionais e que em nenhum momento esteve à frente do movimento reivindicatório e que, portanto, “somente as entidades que deflagraram a greve podem assinar acordos que a encerrem”.
A carta denuncia que o governo continua mantendo sua proposta de reajuste zero em 2024 para docentes e técnicos, “apesar de ter assinado acordo com servidores das forças de segurança, FUNAI e ANM com medidas que garantem reposição ou valorização remuneratória a essas ainda em 2024”.
Ironicamente, os signatários usam mais uma fala do presidente Lula, desta vez um discurso de 1980, na fundação do PT, para referirem-se à assinatura do acordo com o Proifes: “Não é em aliança com pelegos que faremos a unidade do movimento sindical, mas sim na luta, nas campanhas, nas greves. Quem não vai à luta não tem o direito de falar em unidade, pois faz o jogo do patrão e do governo, que é o de domesticar e dividir o sindicalismo brasileiro. E quem pode nos acusar de não lutar junto com a classe trabalhadora?”.
O documento prossegue afirmando ser “importante ressaltar que nas bases e direções dessas categorias de técnico-administrativos em educação (TAEs) e de docentes do Magistério Federal (sejam da educação básica – EBTT ou do magistério superior – MS) há milhares de militantes, dirigentes, filiados e simpatizantes dos nossos partidos. Também é relevante mencionar que as três entidades, Sinasefe e Fasubra, no primeiro turno, e Andes, no segundo turno, indicaram voto e fizeram campanha pela eleição do Presidente Lula para derrotar o fascismo, mantendo, entretanto, sua autonomia sindical diante do governo formado”, diz o documento.
Cobrando o fato de o governo ter decidido encerrar as negociações com as categorias “unilateralmente”, os autores da carta destacam que reconhecem o esforço do governo federal na reconstrução dos serviços públicos, mas enfatizam que “só há reconstrução possível porque os servidores públicos dessas instituições conseguiram evitar o desmonte total, a desmoralização social e o principal ataque evitado a todo o serviço público federal, que era a PEC 32”.
De acordo com o documento, “há profundo descontentamento com a proposta feita e a diferença entre o discurso de defesa da educação, afirmando que educação é investimento, e a prática de manter os cortes orçamentários e não promover uma valorização adequada: não há educação pública de qualidade sem trabalhadores da educação valorizados e com condições de trabalho e sem investimento e orçamento”.
Para os signatários, “a situação, portanto, é profundamente preocupante para o futuro do governo, da federação, dos respectivos partidos e do movimento sindical da educação federal”.