Entidades ligadas à imprensa repudiaram veementemente o ataque violento sofrido pela jornalista Paula Araújo e a repórter cinematográfica Patrícia Santos, da GloboNews na manhã de terça-feira (10), na Zona Sul de São Paulo, quando foram alvo de uma tentativa de atropelamento.
As profissionais participavam de uma transmissão ao vivo no programa ”Em Pauta”, quando foram agredidas. Elas estavam na Avenida Cupecê, quando um homem que passava pelo local parou o carro que dirigia ao lado delas e começou a xingá-las e ameaçá-las. O agressor também proferiu ofensas contra a TV Globo.
Não satisfeito, o homem jogou o carro contra as jornalistas, que estavam em cima da calçada. Elas conseguiram escapar.
A Polícia Militar foi chamada por trabalhadores da região que testemunharam o que aconteceu.
Entidades ligadas ao jornalismo protestaram contra a mais uma agressão à profissionais do setor.
De acordo com a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalista) este é o terceiro episódio de violência contra jornalistas da Globo, em São Paulo, nos últimos sete meses.
A Globo é o veículo que colhe mais incidências. De acordo com levantamento da Fenaf, em 12 de outubro, do ano passado, o repórter cinematográfico Leandro Matozo levou uma cabeçada no nariz de um apoiador do presidente Jair Bolsonaro na parte externa do Santuário de Aparecida. Em março, deste ano o repórter cinematográfico Ronaldo de Souza foi atacado com uma corrente por um homem no Brás, no centro da capital paulista, também durante um link ao vivo. Neste caso, o agressor foi localizado pela polícia.
Porém, os casos com profissionais de outros veículos também vem crescendo. Apenas nos primeiros quatro meses deste ano, foram 151 episódios de agressão física, verbal e digital a profissionais e meios de imprensa, o que corresponde a um aumento de 26,9% em relação ao mesmo período de 2021, segundo o monitoramento que é feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pela organização ‘Voces del Sur’.
Em nota divulgada em seu site, a Fenaj afirma que “sabemos que os ataques são incentivados diariamente por Bolsonaro e seus seguidores, que já provaram não ter qualquer compaixão ou respeito à vida”.
Ainda segundo o texto, “as agressões cada vez mais graves, são estimuladas em ações que de forma proposital confundem críticas às empresas midiáticas com agressões físicas e verbais a trabalhadores”.
“O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas conclamam todos aqueles que defendem a vida, que não desprezam o outro, que se mobilizem para frear essa escalada. E que as empresas tratem essa questão como prioridade número 1, antes que o pior aconteça”.
A Abraji afirmou que repudia a agressão e se solidariza com as duas jornalistas. Segundo a entidade, a situação é inadmissível em um país democrático. “É uma situação preocupante, alimentada em grande parte por falas agressivas de autoridades públicas”.
De acordo com o texto, Bolsonaro “tensiona as relações entre as instituições democráticas e mantém uma posição de conflito com a imprensa brasileira. Com a proximidade das eleições e o acirramento dos ânimos políticos, a Abraji avalia que crescem os riscos à liberdade de imprensa, ao cumprimento do exercício profissional e à integridade física e moral dos jornalistas”.
A Comunicação da Rede Globo afirmou por meio de nota que “repudia com veemência a violência, se solidariza com a repórter Paula Araújo e com a repórter cinematográfica Patrícia Santos e adverte, mais uma vez, que todos os que agridem o trabalho da imprensa estimulam esse tipo de ato”.