O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sind/Med–RJ) divulgou uma carta aberta, na noite de domingo (13), exigindo condições adequadas de trabalho e medidas para a contenção da pandemia.
A carta denuncia a falta de estrutura a que estão expostos os profissionais de saúde como atrasos salariais, falta de equipamentos de proteção individual (EPI’s), de insumos básicos e a falta de água potável em algumas unidades públicas e privadas do Rio de Janeiro.
“Nossas condições de trabalho são cada vez mais precárias. Para começar, não nos é oferecida segurança. Trabalhamos muitas vezes com falta ou inadequação de EPIs, o que agravou muito a situação de contaminação entre os profissionais de saúde. É comum que as unidades públicas e privadas não contem com o mínimo necessário. Faltam desde gaze, seringas e papel higiênico, até medicamentos necessários para sedação dos pacientes”, denunciam os médicos.
“Nós, junto aos outros profissionais de saúde e profissionais de apoio, estivemos desde o início na linha de frente. Nos colocamos em risco diariamente ao enfrentar um vírus mortal. Nos contaminamos e contaminamos muitos de nossos familiares. Muitos caíram pelo caminho. Todo o nosso esforço sempre contou com o importante reconhecimento da sociedade, mas, infelizmente, o mesmo reconhecimento não é compartilhado pelos governos”, continua a carta.
De acordo com a entidade, enquanto “o governo Bolsonaro segue tratando saúde como um custo desnecessário, o que leva a uma precarização sem precedentes – como assistimos no incêndio do Hospital Federal de Bonsucesso -, além de descartar trabalhadores com critérios obscuros e promover processos seletivos temporários”, na cidade do Rio de Janeiro, o prefeito Crivella cortou o contrato de manutenção das unidades municipais convencionais impondo aos trabalhadores condições totalmente insalubres, com mofo nas paredes, aparelhos de ar-condicionado quebrados (em salas sem janela), falta de água potável e uma longa lista de problemas.
O Sindicato denuncia, ainda, que o governador em exercício, Cláudio Castro, e o prefeito Crivella sequer estão garantindo o pagamento em dia dos profissionais que “além de trabalharem sob o estresse constante da COVID-19, trabalham sem saber se conseguirão pagar suas contas. Não há qualquer revisão da insalubridade, bem como não é aplicada a legislação que considera a COVID-19 como doença profissional, conforme previsão da Justiça do Trabalho”.
“Porém, as condições de trabalho, infelizmente, não são nosso único problema. A pandemia avança a passos largos. Estamos num segundo pico que não para de subir. O volume de atendimentos chegou a níveis insuportáveis, em todo o Estado do Rio de Janeiro. Normalizou-se a situação diária de mais de 500 pessoas aguardando leitos de UTI ou enfermaria. A fila de espera triplicou em 17 dias. Apesar disso, nenhuma esfera governamental toma qualquer medida para conter o avanço da pandemia. Seguimos assistindo casas de show, bares e comércios lotados. Quem é obrigado a lutar para sobreviver, utiliza transportes urbanos insalubres e lotados, muitas vezes compartilhando o espaço com os profissionais de saúde que se dirigem para suas casas após lutarem para salvar vitimados pela COVID-19.”, afirma o Sind/Med-RJ.
“Fica evidente que a lógica a favor do vírus é o que norteia Bolsonaro e Crivella. Quanto mais indivíduos adoecerem agora, mais rapidamente a ‘normalidade’ volta. O valor da vaga em cemitério é barato. Trabalhador com baixa qualificação se substitui com trabalhador desempregado mais desqualificado ainda. A fábrica de corpos e de morte está trabalhando sem parar. Estimulam que todos circulem, em ambientes lotados, e ainda lucram vendendo testes de baixa qualidade e medicamentos comprovadamente ineficazes”, completa o Sind/Med-RJ.