Bolsonaro segura o dinheiro para forçar a população a sair de casa e se expor ao vírus. Para o povo é a conta-gotas, para os bancos é a jato
O governo segue a passo de tartaruga para liberar os recursos de R$ 600 que o Congresso Nacional liberou emergencialmente para atender os trabalhadores informais, autônomos e as populações carentes. Já se passaram mais de dez dias e, até agora, dos 54 milhões de brasileiros que deveriam receber, apenas 2,7 milhões receberam o dinheiro para poderem viver durante a quarentena.
Além da demora, teve tanta burocracia que milhões de pessoas tiveram que ir para as filas para resolver entraves. Se dependesse só do governo Bolsonaro, seriam apenas R$ 200 para atender as emergências do povo.
Ele e Guedes tiveram o cinismo de apresentar essa proposta e também a suspensão do contrato de trabalho sem salário e sem direito nenhum por quatro meses. A grita foi geral e o governo teve que recuar a vai ter que pagar parte do salário dos trabalhadores que ficarem em casa.
O dinheiro sai a conta-gotas porque Bolsonaro quer que o povo volte ao trabalho e coloque a sua vida e a de seus familiares em risco. Para o presidente não importa que já tenham morrido mais de mil brasileiros da Covid-19. Ele acha que podem morrer muito mais.
Disse há alguns dias que “é assim mesmo”. “Alguns morrem, outros não”. Por isso, inclusive, insiste em fazer arruaça nas ruas, como fez nos últimos dois dias, chamando a população a abandonarem as medidas de proteção contra o vírus.
Os estudos apontam que é necessário o distanciamento social, que as pessoas fiquem em casa o máximo que puderem, para que o vírus não se propague com rapidez. Os países que fizeram isso, como a Coreia do Sul, Singapura e a China, conseguiram dominar a doença.
Os que agiram como Bolsonaro propõe foi uma tragédia, como é o caso da Itália, dos Estados Unidos e da Espanha, estão vivendo uma triste tragédia. Os serviços de saúde não estão dando conta do atendimento e os pacientes estão morrendo aos milhares. No Brasil, o estado do Amazonas já atingiu sua capacidade máxima de atendimento.
O que nós estamos assistindo é uma sabotagem criminosa de Jair Bolsonaro ao seu povo. Ele está incitando a população a morrer para que as empresas, que ele defende, não tenham prejuízo. O povo pode morrer, mas os empresários não podem reduzir seus lucros. Ao invés de ficar chamando o povo para um verdadeiro suicídio, como ele está fazendo, Bolsonaro deveria acelerar a liberação dos recursos para diminuir os efeitos da pandemia na economia.
O mundo inteiro está fazendo isso. Os EUA já anunciaram dois pacotes que já passam de 7 trilhões de dólares para garantir os empregos e a sobrevivência da população. Aqui, é esse atraso todo. Atraso para o povo e para os empresários produtivos, porque, para os bancos, a “injeção de liquidez”, que, segundo o próprio governo, foi de R$ 1,2 trilhão, foi anunciada já no dia 23 de março.