20,8% dos reajustes acompanharam o INPC e somente 31,8% das negociações ficaram acima do índice
Com a economia estagnada e a inflação elevando o custo de vida do trabalhador, o poder de compra dos brasileiros segue em queda com a maioria dos acordos salariais sem ganhos reais.
Segundo o boletim de negociações salariais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado na sexta-feira (19), em julho, 47,3% dos reajustes salariais ficaram abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que acumula alta de 10,12% em 12 meses até junho.
Nas negociações de julho, ainda, 20,8% dos reajustes acompanharam o INPC e 31,8% das negociações ficaram acima do índice. Diante disto, a variação real média dos reajustes salariais de julho (média simples das variações reais de cada reajuste na data-base), assim como nos últimos 15 meses, foi negativa, recuo de -1,10%; o que demonstra que mesmo os salários que foram reajustados continuam abaixo da inflação.
RESULTADOS ACUMULADOS EM 2022
Na análise dos resultados das negociações salariais de 2022, até o momento, 43,9% não repuseram nem a inflação, 35,4% tiveram valores iguais ao índice e apenas 20,7% dos reajustes negociados ficaram acima da variação do INPC. Com isto, a variação real média de todos os reajustes no ano é de -0,84%.
NOS SERVIÇOS, 52,6% DOS REAJUSTES FICARAM ABAIXO
De acordo com o Dieese, “no acumulado do ano, até julho, reajustes iguais ou acima do INPC foram mais frequentes no comércio (69,6%). Na indústria, o percentual de resultados iguais e acima da inflação (65%) é um pouco inferior ao observado no comércio, mas é no setor industrial que se nota o maior percentual de reajustes com aumentos reais (26,9%). No setor de serviços, por sua vez, mais da metade dos reajustes (52,6%) ficaram abaixo da inflação”, destacou o órgão em seu boletim.
O Dieese apontou também que as convenções coletivas (negociações por categoria) registram, no conjunto, resultados melhores do que os acordos coletivos (negociações por empresas).
Cerca de 63% das convenções, diante de 52% dos acordos, conseguiram reajustes em valores iguais ou superiores ao INPC.