Os ataques a profissionais de imprensa e a veículos de comunicação no Brasil em 2021 mantiveram o alto patamar do ano anterior e somaram 430 episódios, com acréscimo de detenções e prisões.
De acordo com a Federação Nacional do Jornalistas (Fenaj), o relatório “Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil” conta com informações de ataques e violências noticiadas na imprensa, denúncias coletadas pelos Sindicatos e o monitoramento das lives e entrevistas do presidente Jair Bolsonaro.
“Em 2021 tivemos a manutenção das violências instaladas em 2020, quando houve uma explosão de casos com aumento de 105% em relação a 2019. Essa explosão foi acompanhada pela Fenaj e pelos sindicatos com muita apreensão”, declarou a presidente da Federação, Maria José Braga.
Como registrado no relatório anterior, que teve os números inflados com a ascensão de Bolsonaro à presidência da República, o chefe do executivo foi, novamente, um dos principais responsáveis pelas agressões.
Sozinho, Jair Bolsonaro cometeu 147 ataques aos jornalistas e à imprensa, totalizando 34,19%. Em seguida, aparecem dirigentes da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), uma empresa pública federal, com 142 ataques e, depois, políticos e assessores com 40 episódios. Juntos, os três primeiros colocados somam mais de 70% dos casos.
A censura foi a violência mais frequente em 2021, ultrapassando a descredibilização da imprensa, mais comum nos dois anos anteriores. Ao todo, houve 140 casos, majoritariamente cometidas dentro da EBC. É a primeira vez que a censura ocupa o topo do relatório.
Maria José Braga pontuou que a empresa pública deveria ser um paradigma de atuação, mas seus profissionais são cerceados pelo governo Bolsonaro.
Nos anos anteriores, a descredibilização da imprensa havia sido o ataque mais frequente. Já em 2021, ficou em segundo lugar, totalizando 131 casos.
“A descredibilização foi uma categoria criada em 2019 diante da própria postura do presidente Jair Bolsonaro em relação aos meios de comunicação e aos jornalistas. Ela aconteceu em 131 oportunidades, sendo a maioria cometida pelo presidente. São falas genéricas de críticas a veículos e ataques à categoria em geral, que mostram agressividade com o objetivo de descredibilizar o trabalho da imprensa”, explicou a presidente da Fenaj.
Em terceiro lugar ficou os ataques verbais, incluindo os promovidos pelas redes sociais, com 58 episódios. “É uma violência que está crescendo e tem consequências muito grandes para a saúde mental e emocional dos jornalistas agredidos”, ressaltou Maria José.
Durante o lançamento do documento na quinta-feira (27), a presidenta da Federação alertou que a violência tem se mantido em um nível muito elevado.
“É necessário que haja ação do poder público, das empresas de comunicação e apoio da sociedade brasileira para que haja combate da violência contra jornalistas. 2022 é ano eleitoral e as disputas políticas estarão acirradas e a Fenaj já se coloca de prontidão para apoiar os jornalistas no seu trabalho”, afirmou.