Segundo levantamento do Instituto de Infectologia Emílio Ribas da rede pública de São Paulo, a cada cinco internados em decorrência da Covid-19, quatro não tomaram vacina ou estão com doses atrasadas. O levantamento apontou que, nos últimos três meses, 85% dos pacientes que morreram no local não tinham a vacinação completa. No local, 100% dos leitos destinados à Covid estão ocupados.
O hospital, que é referência no tratamento de doenças contagiosas, tem em sua maioria pacientes internados em enfermaria ou Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com suspeita ou confirmação de Covid-19.
Para o levantamento, o governo estadual considerou a quantidade de doses indicada para cada indivíduo no calendário atual. Assim, para pacientes que tomaram a segunda dose há mais de quatro meses, mas ainda não receberam a dose de reforço, a vacinação foi considerada incompleta. O mesmo critério foi usado para aqueles que receberam a dose única (vacina da Janssen) há mais de dois meses e não tomaram o reforço.
Em todo o estado, o índice de ocupação de leitos de UTI é de 71,6% e o das enfermarias está em 66,1%. Com a taxa de letalidade em 3,4%, desde o início da pandemia, 159.589 pessoas não resistiram aos efeitos do vírus e 4.745.504 testaram positivo.
Ainda, conforme a Secretaria de Saúde, 80,86% da população está com o esquema vacinal completo. Ao todo, foram 95.269.575 doses aplicadas.
Da mesma forma, a rede D’or, responsável por mais de 60 hospitais em 12 estados, registrava, no fim de dezembro do ano passado, 200 pacientes internados com Covid. Atualmente são cerca de 1.400.
“Em sua maioria são pessoas que estão com ciclos vacinais incompletos, principalmente as mais graves e que têm comorbidades, incluindo a idade mais avançada. É muito frequente as pessoas se envergonharem de contar que não estão vacinados. Bate o arrependimento e junto bate a vergonha”, conta Leandro Reis, vice-presidente médico da rede.
PREOCUPAÇÃO
O Brasil registrou, de 24 a 31 de janeiro, oito estados e o Distrito Federal com ocupação crítica nos leitos de UTI para Covid-19, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em boletim divulgado na última quinta-feira (3). É um novo aumento em relação à semana anterior, quando 6 estados, além do DF, estavam nessa situação.
A ocupação crítica significa uma taxa de 80% ou mais dos leitos ocupados. A situação atual é a pior desde a semana que terminou em 21 de junho de 2021, quando 14 estados e o DF estavam nessa situação.
No boletim, a fundação pontuou, entretanto, que o cenário da pandemia não é o mesmo registrado entre março e junho de 2021. Isso porque, mesmo com o acréscimo de leitos que ocorreu na maioria dos estados recentemente, a disponibilidade atual de leitos intensivos é bem menor.
A pesquisadora Margareth Portela, do Observatório Covid-19/Fiocruz, reforçou esse ponto. “Nossa grande referência sobre ocupações de UTI acaba sendo de março a junho do ano passado. Foi o maior pico. O que vivemos hoje é muito diferente, mas não podemos menosprezar os problemas que podemos ter”, alertou.
O que a pesquisadora tem observado é que os estados estão aumentando leitos conforme a demanda. “De uma forma geral, os estados vêm acrescentando 20 leitos, 30 leitos na outra semana. A minha impressão é que os gestores estão gerenciando e respondendo à necessidade”, disse.