A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou para a Procuradoria-Geral da República (PGR) a notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que tentou proteger madeireiros ilegais.
Cármen Lúcia deu andamento no caso por entender a “gravidade incontestável” das denúncias feitas pelo delegado Alexandre Saraiva, ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas.
Saraiva, que foi tirado do cargo um dia depois de apresentar a notícia-crime contra Ricardo Salles, afirma que o ministro de Bolsonaro atuou para proteger criminosos e liberar a comercialização de madeira fruto de desmatamento ilegal.
O delegado afirmou, na notícia-crime, que Ricardo Salles “patrocina diretamente interesses privados e ilegítimos perante a administração pública”.
A notícia-crime apresentada pelo PDT, com a mesma denúncia da do delegado Saraiva, também foi encaminhada para a PGR.
Na segunda-feira (26), Alexandre Saraiva participou de uma audiência com as comissões de Legislação Participativa e de Direitos Humanos e voltou a afirmar que Ricardo Salles cometeu crimes.
Depois que a PF realizou uma operação e apreendeu 213m³ de madeira ilegal, com documentaçao fraudada, entre o Amazonas e o Pará, vindos de desmatamento ilegal e grilagem de terras, Ricardo Salles foi até o local para atuar em favor dos madeireiros.
“O senhor ministro deu várias entrevistas criticando a operação, mas não ficou só no discurso. Ele foi até a área e fez uma pseudoperícia de 40 mil toras: ele olhou duas e disse que, em princípio, estava tudo certinho e que as pessoas apresentaram escrituras”, disse o delegado.
Segundo Saraiva, porém, não apareceram os donos de mais de 70% da madeira apreendida. “Se ninguém reivindicou, como é que o ministro pode dizer que está tudo certo e a investigação da Polícia Federal está errada?”
“O ministro fez uma inversão. Tornou legítima a ação dos criminosos, e não do agente público. Então, em linhas gerais, foi isso que nos motivou a fazer a notícia-crime”, contou.
“Quando eu vi aquele conjunto de documentos que foi numa reunião organizada ou pelo menos com a participação direta do ministro do Meio Ambiente… quando aquilo se mostrou uma fraude imensa onde se buscava iludir a autoridade policial, eu entendi por correto encaminhar notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal apontando aquele fato”, completou.