Falta de Marconny Faria na quinta-feira (2) motivou pedido de condução coercitiva; decisão ainda não foi julgada pelo Supremo
A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou na quinta-feira (2) pedido da defesa do advogado da Precisa Medicamentos, Marconny Faria, para não prestar depoimento à CPI da Covid-19 no Senado.
O depoimento de Faria estava marcado para esta quinta-feira, mas ele não compareceu. E irritou profundamente os membros da comissão. O comando da comissão de inquérito informou que vai pedir a prisão preventiva e a apreensão do passaporte para evitar que ele fuja do Brasil.
A defesa de Marconny Faria alega que como ele é investigado pela CPI, não deveria ser obrigado a comparecer a depoimento em que teria sido convocado como testemunha.
Na decisão, a ministra Cármen Lúcia disse que a CPI reafirmou ao STF que o advogado será ouvido na condição de testemunha.
“DOR PÉLVICA”
Faria é apontado como “lobista” suspeito de tentar privilegiar a Precisa Medicamentos no Ministério da Saúde. Ele havia apresentado atestado médico por “dor pélvica” assinado por profissional que atua no Hospital Sírio-Libanês na noite de quarta-feira (1º).
No entanto, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o médico responsável pelo atestado foi contatado e disse que “notou uma simulação por parte do paciente e que deseja cancelar o mesmo”.
Com o não comparecimento do lobista, a comissão solicitou ao STF a condução coercitiva do advogado, pedido ainda não julgado pelo Supremo. Além disso, os senadores aprovaram requerimento para apreensão do passaporte de Marconny.
“SENHOR DOS LOBBIES”
O vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que, desde quarta-feira (1º), a Polícia do Senado está à procura da testemunha e já estava determinada a escolta policial para que comparecesse ao Senado.
Randolfe e outros senadores apontam Faria não só como lobista da Precisa Medicamentos, empresa que atuou como intermediária no contrato da vacina indiana Covaxin, mas de outros negócios irregulares no Ministério da Saúde.
“Marconny [Faria] não é o senhor do lobby da Precisa Medicamentos. Ele é o senhor de todos os lobbies. É dele a arquitetura ideal de como burlar um processo licitatório”, afirmou Randolfe.
ACUSAÇÕES
A negociação para a compra da vacina indiana Covaxin não é o único fato a ser esclarecido pela CPI.
Os senadores querem informações também sobre pelo menos dois outros assuntos: a participação de Marconny na venda de testes contra a Covid-19 ao governo federal e qual a relação dele com integrantes da família do presidente Jair Bolsonaro.
M. V.