O ex-PM Fabrício Queiroz, amigo de longa data de Jair Bolsonaro, e operador do esquema de lavagem de dinheiro do gabinete do filho do presidente, Flávio Bolsonaro, quando este era deputado estadual no Rio, disse ao seu advogado que não vai “delatar”. “Doutor, eu não quero delatar e não tenho o que delatar”, respondeu o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, quando foi perguntado por seu defensor, Paulo Emílio Catta Preta.
A informação é de Mônica Bérgamo, em sua coluna na Folha de S. Paulo de terça-feira (30). Paulo Emílio Catta Preta, que coincidentemente foi advogado do miliciano e pistoleiro Adriano da Nóbrega, amigo de Queiroz, e chefe do Escritório do Crime, morto em fevereiro numa operação policial na Bahia, e que tinha sua mãe e mulher nomeadas no gabinete de Flávio, havia informado no dia anterior que não sabia de acordo nenhum de Queiroz com a Justiça.
Catta Preta, que, também por coincidência, advoga para a ex-mulher de Frederick Wassef, ‘o anjo”, ameaçou sair do caso se Queiroz fizesse acordo de colaboração premiada.
Na segunda (29) ele esteve na prisão com Queiroz e afirmou que o questionou com clareza. “Disse a ele que, se fosse essa a opção, eu teria que sair do caso e indicar outro advogado. E ele me respondeu que era o contrário”, informou Catta Preta.
Os rumores de que Queiroz e sua mulher, Márcia Oliveira Aguiar, que está foragida, estariam fazendo gestões para um acordo de colaboração premiada foram um claro recado enviado por eles ao Planalto.
Esse recado é semelhante ao que o “anjo” também enviou a Jair Bolsonaro, quando ele começou a perceber que seria escanteado pelos ocupantes do Planalto. Wassef chegou a dizer para a imprensa que ele e o presidente eram a mesma pessoa. “Querem me atingir para atingir o presidente”, alardeou ele.
Tanto Wassef, que escondeu Queiroz em sua residência em Atibaia, interior de São Paulo, por mais de uma ano, quanto Queiroz e sua mulher sabem muita coisa sobre os Bolsonaros e não querem ser deixados no caminho pelos antigos “colegas” de “rachadinhas” e outros ilícitos.
Wassef chegou a programar esconder toda a família de Queiroz em São Paulo, caso caísse a liminar do STF que paralisava investigações baseadas em relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), como ficou evidenciado no telefone de Márcia Oliveira apreendido pela polícia.
Assim como todas as tratativas feitas por Luiz Gustavo Boto Maia, outro advogado e amigo de Flávio, e por Márcia com a mãe de Adriano da Nóbrega, Raimunda Veras Magalhães, numa reunião em seu esconderijo no interior de Minas, em dezembro de 2019, foram acompanhadas de perto por Wassef.
O advogado oferecido para defender o miliciano, que na época estava foragido, foi o mesmo que advogava para a ex-mulher de Wassef. Tudo muito interligado e registrado no telefone de Márcia. Ou seja, os três, “Anjo”, Queiroz e Márcia sabem muito e avisaram que não vão falar, desde que…