Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, quer acabar com a Secretaria da Segurança Pública do estado adotando o modelo implementado no Rio de Janeiro. Ele já vem defendendo o fim do uso de câmeras nas fardas dos policiais militares e agora propõe importar um modelo de segurança da polícia que mais mata e mais morre do país.
Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo divulgada nesta quarta-feira (19), Tarcísio, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), pretende dar ao chefe da Polícia Civil e ao comandante da Polícia Militar status de secretário e, assim, extinguir a pasta.
O modelo recebe críticas de especialistas por se tratar de “um retrocesso ao esforço de integração das forças de segurança estaduais”.
Em nota à Folha, Tarcísio disse: “Uma vez que a melhora na segurança do estado passa também pelo maior engajamento e supervisão direta do governador. […] Ter a ligação direta entre o comando e o governador daria a relevância necessária às tomadas de decisão de segurança pública”.
Além disso, o ex-ministro da Infraestrutura afirmou não ser ideal “ter o comando das polícias no 4º escalão do governo”, referindo-se à estrutura da secretaria paulista hoje.
“Esta mudança de estrutura será cuidadosamente planejada de modo a tornar a transição possível durante o mandato. A Secretaria de Segurança, como as polícias, é centenária em São Paulo e, por isso, essa mudança deve ser pensada com cuidado e com base em experiências bem-sucedidas para que os ganhos esperados sejam obtidos com máxima eficiência”, finaliza a nota da campanha.
O que Tarcísio não fala é que este modelo adotado no Rio, fez das policias no estado serem as que mais matam e morrem no Brasil.
Com a medida, o indicador de alta letalidade para eventos envolvendo a polícia no Rio de Janeiro não melhorou. Segundo relatório da Rede de Observatórios da Segurança Pública, o Rio se destaca ainda pela violência policial, sendo o estado em que a polícia mais mata e mais morre.
Esse mesmo dado já tinha aparecido no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, que mostrava o número de pessoas mortas pela polícia, e em anos anteriores, com destaque para a morte dos servidores das forças de segurança pública.
Números do estudo mostram que, no período analisado, o estado teve mais que o dobro de morte em ações de policiamento, mais que o dobro de mortes de crianças e adolescentes e mais que o triplo de feridos.
MAL EXEMPLO
O que Tarcísio também não fala é que no Rio, as milícias alcançam tráfico e já ocupam metade das áreas controladas por grupos armados.
O levantamento do Instituto Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), mostra que o crescimento territorial dos milicianos foi de 387% em 16 anos. Com 256,28 km², ou 10% do estado, o domínio corresponde a quase duas vezes o tamanho da cidade de Niterói.
O estudo apresenta também o Comando Vermelho ainda à frente do maior domínio populacional: 2,042 milhões de moradores. Mais de 60% da expansão da facção criminosa ao longo dos anos foi na Baixada Fluminense, em que quase metade das áreas controladas por grupos armados estão nas mãos da milícia.
Ainda de acordo com o estudo, mais de 90% da expansão de milicianos ocorreu em locais que não eram controlados por facções criminosas.
O que o candidato bolsonarista também não conta é que com essa política de segurança defendida por ele, aumentou o número de feminicídios no Rio de Janeiro. O número de feminicídios cometidos este ano no Estado do Rio de Janeiro já é quase 20% maior que o do mesmo período no ano passado. Foram 48 crimes do tipo nos seis primeiros meses de 2021 e 57 no mesmo período em 2022, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Esse cara quer deixar São Paulo igual ao Rio de Janeiro, preciso explicar mais alguma coisa?