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Governo Federal anuncia ajuda e envia Exército para apoio nos trabalhos de resgate
As fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo neste fim de semana deixaram ao menos 36 mortos e centenas de desalojados e desabrigados, segundo as prefeituras locais e a Defesa Civil do Estado de São Paulo.Os temporais causaram alagamentos, deslizamentos, soterramento de casas, afetaram o abastecimento de água e levaram à interdição de rodovias e estradas, deixando os moradores isolados.
As cidades mais afetas da região são São Sebastião, Ubatuba, Bertioga e Guarujá. Segundo as autoridades, o volume de chuva é recorde.
Uma criança de 7 anos morreu em um deslizamento de terra em Ubatuba, uma mulher de 40 anos e um bebê de 9 meses morreram em São Sebastião.
No início da noite deste domingo (19), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decretou estado de calamidade pública para as cidades de Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Bertioga, todas no litoral norte de São Paulo. Ele pediu ajuda federal para apoio no resgate de vítimas das tempestades na região.
De acordo com o governo do estado, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Tais índices pluviométricos são dos maiores já registrados no país em curto período e em situação não decorrente de ciclone tropical.
O Corpo de Bombeiros informou que recebeu um número recorde de chamadas para socorro – só para São Sebastião foram 481 solicitações. A Defesa Civil alertou para que evitem se deslocar para o litoral norte em razão da quantidade de interdições nas estradas.
PEDIDO DE AJUDA
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pediu apoio ao Exército para resgatar pessoas atingidas pelas chuvas em São Sebastião (litoral norte de São Paulo).
A informação foi confirmada durante coletiva de imprensa no Centro de Operações Integradas da cidade. “A gente ainda está avaliando. O tamanho do problema é grave. A gente tem muitos deslizamentos na Rio-Santos, o que prejudica o acesso a algumas comunidades. Então, o nosso primeiro objetivo é fazer essa desobstrução para que o socorro chegue imediatamente”, disse Tarcísio, durante coletiva de imprensa.
“Para se chegar a essas regiões, a gente vai usar helicópteros da Polícia Militar e do Exército”, acrescentou.
“A gente pediu um apoio das Forças Armadas e fomos prontamente atendidos. O Batalhão de Aviação de Taubaté vai disponibilizar aeronaves de grande porte para que a gente possa, primeiro, deslocar tropas de bombeiros para lá, já que essa tropa não está conseguindo chegar para ajudar no resgate em razão do bloqueio das rodovias”, disse.
LULA VISITARÁ A REGIÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interrompeu o recesso de carnaval e anunciou, em publicação no Twitter, que irá visitar as áreas do litoral de São Paulo afetadas pelas chuvas a partir desta segunda-feira (2).
“Amanhã irei para São Paulo visitar a região e acompanhar os esforços de enfrentamento dessa tragédia”, disse o presidente.
Socorristas trabalham para retirar pessoas sob os escombros das casas derrubadas pelo temporal e pela lama que desceu das encostas.
O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, alertado dos problemas causados pelo temporal que castigou as cidades do Litoral Norte, conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que autorizou ajuda inicial de R$ 2 milhões a serem destinados às prefeituras das cidades afetadas.
O ministro, cumprindo determinação do presidente, acionou o secretário Nacional dos Portos, Fabrício Pierdomênico, para entrar em contato com os prefeitos de Bertioga, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba de modo a tomar as providências para viabilizar os repasses.
O prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, disse hoje à noite para a GloboNews que 50 residências desabaram com as forças das águas e há pessoas soterradas.
Uma equipe do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional está se deslocando à região de São Sebastião (SP). O ministro Waldez de Góes (PDT) afirmou que telefonou duas vezes para o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), para obter informações sobre o problema, enviou equipes ao local e vai à região na segunda-feira.
SITUAÇÃO CRÍTICA
Guarujá também espera ajuda do Governo Federal para contornar os graves problemas causados pelas fortes chuvas que caem na Baixada Santista desde sábado (18). Segundo o secretário de Desenvolvimento e Assistência Social (Sedeas), Rafael Carvalho, o prefeito Valter Suman (PSDB) foi contatado pela ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), que esteve no Município durante este final de semana em compromisso pessoal.
“O Ministério do Planejamento, quando soube das fortes chuvas na Baixada Santista, principalmente em Guarujá, se colocou à disposição, na pessoa da ministra Simone Tebet, que fez contato com o prefeito, para que o ministério pudesse auxiliar em todas as necessidades do nosso Município”, disse Rafael Carvalho ao jornal “A Tribuna”.
O secretário também disse que a Defesa Civil está identificando os locais onde houve desmoronamento de casas, para que as pessoas atingidas sejam atendidas pelos serviços de assistência social do Município.
“A pessoa, contemplando a lei da locação social, vai ser contemplada, uma vez que ela já está sendo referenciada pelo serviço de assistência social. E já estamos lá pra garantir a emissão de documentos, para que elas não percam nenhum tipo de benefício social que porventura essas famílias já tenham”.
FORNECIMENTO DE ÁGUA
A chuva também impactou o fornecimento de água. Segundo o governo do estado, algumas estações de tratamento foram afetadas pela enxurrada, que arrastou troncos, pedras e muita lama, e técnicos da Sabesp tentam desde a madrugada restabelecer o serviço. Caminhões-pipa estão disponíveis para hospitais e áreas mais afetadas. A recomendação é que as pessoas economizem água.
Durante a madrugada, um deslizamento de terra fez com que uma pedra atingisse uma casa na rua Benedito Alves da Silva, no bairro Estufa, em Ubatuba (220 km de SP). Uma criança de sete anos que estava no imóvel morreu na hora, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
A cidade registrou 335 mm de chuva, segundo a Defesa Civil.
SÃO SEBASTIÃO
A Prefeitura de São Sebastião (197 km de SP) decretou estado de calamidade pública após as fortes chuvas causarem deslizamentos de terra em diversas áreas do município. Até as 15h, a prefeitura e os Bombeiros contabilizavam duas mortes na cidade. A programação do Carnaval foi cancelada.
Segundo a prefeitura, Fabiana de Freitas Sá, 40, coordenadora do Programa Criança Feliz, projeto do Governo Federal, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, morreu após a casa em que morava, na estrada da Maquinha, em Boiçucanga, desabar.
Já o Corpo de Bombeiros confirmou a morte de um bebê de nove meses em Camburi.
O prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), disse que não é possível chegar à cidade por nenhuma estrada, pois todas estão interditadas. Segundo ele, a região mais afetada é a Vila do Sahy.
“Diversas casas desmoronaram, muitas pessoas ainda estão debaixo dos escombros. As equipes de busca e salvamento não estão conseguindo acessar diversos locais. A situação é muito caótica”, disse.
“É um cenário de guerra. Rio e mar viraram uma coisa só. Pessoas foram arrastadas pela enxurrada.” A descrição é da advogada Fernanda Carbonelli, moradora de São Sebastião, cidade do litoral norte paulista atingida por chuvas extremas na madrugada deste domingo (19).
A sede da ONG na qual Carbonelli atua, o Instituto Verdescola, está servindo base para o resgate de vítimas dos deslizamentos que atingiram a comunidade Vila Sahy. A região esta totalmente isolada, sem acesso por terra. “Estou com 17 corpos da minha comunidade lá dentro”, contou. “Há muitas crianças. Ainda tem muita gente soterrada aqui.”Carbonelli afirma que os corpos estão em uma sala fechada, enquanto não chegam instruções sobre como serão realizadas as remoções. O primeiro helicóptero de resgate chegou ao local por volta das 16h e priorizou o transporte de um grupo de três feridos em estado grave.
Um segundo helicóptero não conseguiu pousar novamente no local e, com o cair da noite, a situação fica mais difícil, pois não há energia elétrica. “Não temos ideia da situação morro acima, achamos que tem muita gente nos escombros.”