“A teoria conspiratória do ‘vazamento de laboratório’, que voltou a ser levantada nos últimos dias, está deixando algumas pessoas tão empolgadas que parecem ter encontrado uma mina de ouro. Essas declarações ignoram completamente os fatos e desrespeitam a ciência, além de se mostrarem irresponsáveis com relação às vidas humanas e contraproducentes para os esforços globais no combate à pandemia”, afirma declaração da embaixada da China no Brasil.
Na declaração desta quarta-feira (9), a embaixada ressalta que “o governo chinês, com uma atitude de abertura, transparência e responsabilidade, tomou a iniciativa de cooperar com a OMS para rastrear a origem do patógeno”.
“Peritos internacionais selecionados independentemente pela OMS conduziram duas investigações na China”, acrescenta a declaração, “sempre contando com o total apoio e colaboração da parte chinesa”.
“Após definiram junto com a OMS sobre os Termos de Referência em julho do ano passado, as autoridades chinesas reuniram centenas de cientistas para coletar e organizar os dados e fazer uma análise preliminar, e apresentaram aos peritos da OMS item por item os dados brutos de particular preocupação”, prossegue.
Além disso, segundo enfatiza a embaixada, “a missão da OMS fez viagens de campo a instituições como os centros de controle de doenças da província de Hubei e do município de Wuhan, assim como o Instituto de Virologia de Wuhan, visitou laboratórios de biossegurança e manteve diálogos francos e profundos com especialistas chineses. Com essas visitas de campo e conhecimentos aprofundados, os membros da missão concluíram, depois de cuidadosos debates científicos, que é extremamente improvável a hipótese de o vírus ter vazado de um incidente laboratorial na China. Trata-se de uma conclusão confiável, formal e fundamentada na ciência, e que, portanto, merece o respeito de todos”.
“A investigação da origem de um vírus é uma questão estritamente científica, e a China opõe-se às tentativas por parte de qualquer pessoa ou força política de aproveitar o assunto para fazer estigmatização ou manipulações políticas”.
“Desde a eclosão da pandemia no ano passado”, diz ainda o documento, “algumas forças políticas ignoraram a demanda internacional de enfrentamento conjunto, focaram sua energia na manobra política e no jogo de acusações, ao invés de tomar medidas para conter a doença e salvar vidas. Foi justamente essa atitude que está na causa da escalada da propagação do vírus e pela perda de tantas vidas por falta de tratamento tempestivo e eficaz. Diante da grave situação epidemiológica que acomete o mundo todo, a comunidade internacional espera a cooperação e a união de todos”.
“Politizar a investigação da origem do vírus, além de antiético, só irá dificultar a cooperação global, minar os esforços conjuntos e custar mais vidas. Portanto, a parte chinesa manifesta veemente objeção a essa atitude.
“COOPERAÇÃO CIENTÍFICA NO LUGAR DE POLITIZAR A INVESTIGAÇÃO”
“A solidariedade e a cooperação são as armas mais poderosas para vencer esta crise sanitária. Sempre defendemos que todas as investigações sobre a origem do vírus devem ser feitas mediante uma cooperação internacional baseada nos fatos e na ciência, a fim de melhor responder a uma emergência de saúde dessa envergadura no futuro. Nesse sentido, a China continuará a cooperar com a OMS de forma científica e responsável.
“Não são poucos os indícios, reportagens e estudos que apontam para surgimento do novo coronavírus em múltiplos pontos do mundo já no segundo semestre de 2019. Instamos outros países, incluindo os Estados Unidos, a seguir o exemplo da China e cooperar com a OMS, de modo científico e colaborativo, na investigação da origem do vírus, convidando peritos internacionais para conduzir visitas de campo. Essa atitude viabilizaria um estudo abrangente de todos os primeiros casos da COVID-19 encontrados no mundo inteiro. É necessário, especialmente, proceder a uma investigação abrangente de modo minucioso, transparente e fundamentado nos fatos sobre as bases secretas e os laboratórios biológicos espalhados pelo mundo, a fim de oferecer uma resposta séria às preocupações da comunidade internacional.
“Instamos aquele pequeno número de países e indivíduos a cessar imediatamente a politização do assunto e a sabotagem da cooperação internacional no estudo das origens por motivo de sua agenda política escusa. A politização da investigação da origem do vírus, além de ser imoral e impopular, está fadada ao fracasso”.