O Tribunal de Justiça de Goiás emitiu novo de decreto de prisão contra João Teixeira de Faria, o João de Deus, nessa sexta-feira (21). Preso desde o dia 16 de dezembro, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, por ter cometido abuso sexual contra mulheres durante “cirurgia espiritual”, agora a justiça decreta a prisão por posse ilegal de armas de fogo.
Em operação da Polícia Civil de Goiás, na terça-feira (18), foram apreendidas em endereços ligados a João de Deus seis armas de fogo, mais de R$ 400 mil, além de pedras preciosas e medicamentos.
Segundo a lei 13.495 de 2017, a posse ilegal de armas de fogo se configura como crime hediondo. “Já foi decretada nova prisão dele pelas armas. Manifestamos ontem e já foi decretada. Encontramos armas de uso permitido e de uso restrito. Esse crime pode levar a pena de 3 a 6 anos.”, disse o promotor Luciano Meireles.
Na sexta-feira (21), a Polícia Civil apreendeu mais dinheiro, além de pedras preciosas e medicamentos em uma das casas do médium em Abadiânia. Na casa, havia ainda um cofre num fundo falso de um guarda-roupa.
Até agora, o Ministério Púbico de Goiás já recebeu 596 denuncias de abuso sexual contra o suposto “médium”. As denúncias são de 15 estados e de outros seis países.
Os promotores pretendem coletar outro depoimento de João de Deus na próxima semana e apresentar as denúncias em seguida junto com o inquérito já fechado da Polícia Civil com casos mais recentes ocorridos neste ano.
“Além do inquérito da Polícia Civil, o MP pretende agregar outros três fatos: dois crimes de violação sexual mediante fraude e um de estupro de vulnerável”, explicou Luciano Meireles. “Há relatos de abusos em ambientes coletivos, mas isso será também objeto de investigação”, completou o promotor.
O MP deve investigar ainda a produção de medicamentos na farmácia da Casa Dom Inácio de Loyola. “A atividade da farmácia está parcialmente fechada no que concerne produção de medicamentos. A manipulação dos itens era feita de forma contrária às normas. Vamos analisar se há necessidade de autuação criminal ou civil. Por enquanto é uma autuação administrativa”, detalhou a promotora Gabriella Clementino.
Em nota, o advogado de João de Deus, Alberto Toron, disse que “a decretação da nova prisão preventiva, além de desnecessária, pois o investigado já está preso, se mostra inidônea porque calcada no desejo de calar o clamor público contra a impunidade”.
A defesa já teve dois pedidos de habeas corpus negados, a mais recente no Superior Tribunal de Justiça (STJ), nessa quarta feira (19), onde o ministro Nefi Cordeiro negou o pedido de liberdade e retirou o segredo de justiça do processo por entender que o judiciário não serve de proteção a crimes contra a dignidade sexual. Na terça-feira (18), o Tribunal de Justiça de Goiás também rejeitou pedido similar.
Agora, a defesa aguarda a decisão sobre novo pedido de habeas corpus, dessa vez no Supremo Tribunal Federal, cujo processo está sob os cuidados do presidente da casa, o ministro Dias Toffoli.