As contrações temporárias com carteira assinada, em outubro, atingiram a maior marca desde 2008, início da série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Ao contrário do que ocorre anualmente nos meses que antecedem as festas de final de ano, quando o aquecimento no comércio impulsiona esse tipo de contração em toda a cadeia produtiva e de serviços, as admissões de temporários desse ano se dão pelo cenário incerto da economia.
Com o aumento do trabalho temporário, cresce o trabalho precário. No contrato temporário, o trabalhador não tem direitos previstos na CLT como aviso prévio, 13º salário, multa em caso de rescisão contratual e estabilidade da gestante.
Segundo matéria publicada pelo Estadão, o saldo de admissões de temporários foi de 30,7 mil trabalhadores em outubro. Entre junho e outubro, o crescimento na precarização das contratações foi de 25%, uma taxa dez vezes maior do que a registrada no avanço do estoque total de empregados formais no mesmo período, que foi de 2,3%.
Para o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin, as empresas estão temerosas e optam pelos temporários para o caso de precisarem se desfazer da mão de obra, por isso, “tentam não se amarrar”, afirma o economista.
Esse tipo de contração vem se dando em grandes empresas, como montadoras e fabricantes de eletrodomésticos, como a Whirlpool, por exemplo, que fabrica geladeiras, fogões e lavadoras. Segundo o presidente da empresa, por conta das incertezas em relação a 2021 “estamos bem criteriosos no emprego efetivo”.
Na Whirlpool, que emprega 11,2 mil trabalhadores, a admissão de temporários cresceu 20% este ano em relação a 2019.