O presidente do país com mais mortes e casos de coronavírus em todo o mundo, Donald Trump, saiu da Casa Branca na quarta-feira, 6, pela primeira vez em um mês, e visitou a fábrica da empresa Honeywell, no Arizona, onde se produzem as máscaras N95, um dos insumos médicos fundamentais para controlar a propagação da pandemia.
Porém, ignorando todas as recomendações, surpreendeu os trabalhadores, e até os diretores, aparecendo sem nenhum tipo de proteção respiratória, apesar das regras internas que obrigam todas as pessoas a usar máscaras dentro da fábrica.
Antes de partir de Washington e durante o vôo, Trump entrou em contacto com jornalistas com os quais falou evasivamente sobre a utilização de proteção sanitária. “Suponhamos que vou fazer uma declaração. Deveria tirar a máscara quando estiver falando? Não sei. Não soa bem. Mas se é num entorno para levar máscara, certamente a levaria” disse embora, minutos depois, ele e seus assessores passassem a percorrer a fábrica sem máscaras, em contraste com os trabalhadores que utilizavam a proteção.
Quando a Universidade Johns Hopkins, na terça-feira, 5, registrou que os Estados Unidos tiveram 2 mil 333 novas mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, mais do dobro que o dia anterior, Trump, com sua popularidade caindo às vésperas das eleições presidenciais de novembro, ignora a pandemia e avalia o ‘renascimento econômico’ como uma necessidade vital, mesmo que isso provoque mais pessoas mortas pela pandemia.
Questionado pela rede ABC News sobre se acredita que aumentará o número de vítimas por acabar com o isolamento da população, Trump disse: “É possível, haverá alguns”.
Na sexta-feira, 8, o governo deve publicar as cifras de desemprego correspondentes ao mês de abril, e está previsto que atinja máximos históricos.
A semana passada registraram-se 3,8 milhões de novos pedidos de subsídios por desemprego, elevando a 33,5 milhões as pessoas que buscaram a ajuda nas últimas sete semanas desde que a pandemia começou. Isso é o equivalente a um em cada cinco estadunidenses que estavam empregados em fevereiro, informou AP.
Porém, a agência avaliadora de “risco”, Standard & Poor´s, destacou que as cifras de abril podem ser piores que as que serão conhecidas no dia 8, se forem considerados os trabalhadores demitidos que não puderam receber os subsídios pela queda do sistema informatizado destinado a processar os pedidos que, aliás, ainda não foi justificada pelo governo. Outro fator a considerar é a ausência, nas estatísticas, dos milhares de trabalhadores ilegais, sem documentos, além de muitos trabalhadores que não conseguem preencher os critérios para obter esse benefício.
Os Estados Unidos registraram 73 mil 500 mortos, na quinta-feira, 7, de longe o país mais atingido pelo Covid-19. O país também tem o maior número de casos diagnosticados dessa doença, com 1.231.943 registrados pela Universidade Johns Hopkins.