Decidido a fazer do racismo e da xenofobia o mote de sua campanha de reeleição, Trump dirigiu suas baterias nas redes sociais contra o deputado negro democrata Elijah Cummings, de Maryland, e o distrito eleitoral de maioria negra de Baltimore, que o elegeu, após o parlamentar ter condenado seus campos de detenção de imigrantes na fronteira com o México.
“O distrito de Cummings é um desastre nojento e infestado de ratos e roedores. Se ele passasse mais tempo em Baltimore, talvez pudesse ajudar a limpar seu lugar perigoso e imundo”, vomitou o racista Trump no Twitter.
Antes, asseverara que “como provado na semana passada durante uma visita do Congresso, a fronteira é limpa, eficiente e bem gerida, apenas muito cheia”.
Há dez dias, o presidente lúmpen-bilionário dos EUA havia ofendido quatro deputadas – três delas nascidas nos EUA e uma, naturalizada -, mandando pelo Twitter que elas “voltassem” para os “lugares quebrados e infestados de criminosos de onde vieram”. E o “mandem-nas de volta” praticamente já é o slogan extraoficial de sua campanha pela reeleição. Há um ano, classificou os países da América Central e da África de “buracos de merda”.
Assim, à incitação odienta contra Alexandria Ocasio-Cortez, deputada de origem porto-riquenha, contra Ayanna Pressley, deputada negra, contra Rashida Tlaib, deputada de ascendência palestina, e contra a deputada Ilhan Omar, que veio criança da Somália e se naturalizou, se soma agora a contra o veterano parlamentar negro Cummings, de 68 anos.
A investida de Trump contra as quatro deputadas levou a Câmara dos Deputados a aprovar resolução de repúdio. Diante da nova agressão, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, afirmou que “Cummings é um campeão dos direitos civis e da justiça econômica” e rechaçou “os ataques racistas contra ele”.
Cummings é também presidente do Comitê de Reforma e Supervisão da Câmara dos Deputados, cujas incumbências incluem o exame das finanças do presidente, que se recusa a mostrar o imposto de renda.
No dia 18, Cummings questionou o secretário de Segurança Interna (Homeland), Kevin McAleenan, sobre os centros de detenção de imigrantes: “você acha que está fazendo um bom trabalho quando uma criança [imigrantes] não pode tomar um banho?” “Vamos lá, somos melhores que isso”, reiterou o parlamentar.
Questionamento de Cummings que o chefe-mor da gestapo da fronteira, Trump, comparou a se comportar “como um bandido” contra as patrulhas anti-imigrantes, quando o distrito dele “é o pior da América”.
Declaração repudiada também por Bernard Young, prefeito de Baltimore, cidade de 600 mil habitantes que é a mais populosa de Maryland e fica a cerca de uma hora de Washington. “Completamente inaceitável”, classificou Young, rechaçando as infâmias sobre a “vibrante cidade americana”.