Região em que Bolsonaro vai muito mal
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, proibiu, no sábado (29), qualquer ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre transporte gratuito durante a realização do segundo turno.
Moraes determinou neste domingo (30) que o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, preste explicações sobre operações realizadas ilegais da corporação neste segundo turno das eleições.
O presidente do TSE ainda suspendeu a divulgação de qualquer operação da Polícia Federal ao longo da votação.
Moraes agiu após denúncias de uso político das duas corporações.
“Dessa forma, determino: 1) a proibição, até o encerramento do segundo turno das eleições, de qualquer operação da Polícia Rodoviária Federal relacionada ao transporte público, gratuito ou não, disponibilizado aos eleitores, nos termos da resolução do tribunal superior eleitoral, sob pena de responsabilização criminal do diretor-geral da PRF, por desobediência e crime eleitoral, além da responsabilização dos respectivos executores das medidas”, diz trecho da decisão de Alexandre de Moraes.
Mesmo após decisão de Moraes há denúncias de que estão descumprindo as ordens da Justiça Eleitoral. Dizem que agentes da PRF estão fazendo barricadas em rodovias do Nordeste, descumprindo Decisão do TSE.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT), da coordenação da campanha de Lula, protocolou no TSE uma notícia de fato para que fossem tomadas providências a fim de impedir a atuação da PF e da PRF em favor da campanha de Jair Bolsonaro (PL).
O deputado federal e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, usou as redes sociais para denunciar o caso. “A máquina bolsonarista está tentando impedir que a população mais pobre vá votar. Há registros da polícia rodoviária parando ônibus de comunidades rurais que estão a caminho de colégios eleitorais. Bolsonaro quer ganhar no tapetão”, disse Padilha.
O prefeito de Cuité, no interior da Paraíba, Charles Cristiano Inácio da Silva (Cidadania) publicou um vídeo mostrando policiais rodoviários federais realizando uma operação na entrada da cidade que ele dirige. O prefeito afirmou que a presença da PRF na principal via de acesso à cidade tem intimidado a população rural da cidade, que está deixando de votar (ver vídeo abaixo).
Veja a denúncia do prefeito de Cuité:
As suspeitas da ação ilegal foram reforçadas depois que o ministro da Justiça, Anderson Torres, publicou um tuíte no qual cita “o enfrentamento direto aos crimes eleitorais”.
“Com enfrentamento direto aos crimes eleitorais. Integração de 10 mil policiais federais com cerca de 500 mil agentes das forças de segurança estaduais, em prol de eleições limpas e seguras. Ontem, já apreendemos quase 5 milhões de reais em dinheiro”, escreveu Torres.
No vídeo inserido com o tuíte, o ministro da Justiça diz que “a gente também deixa um recado para a população brasileira, que exerça seu direito ao voto livremente porque nós estaremos com uma grande operação para evitar os crimes eleitorais. Boca de urna, compra de voto, o transporte irregular de eleitores”.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) já havia aberto apuração preliminar sobre o uso eleitoral da PRF a favor da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Moraes exigiu ainda que o diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, também informe “imediata e detalhadamente todas as apreensões noticiadas pelo Ministério da Justiça”, através do tuíte feito hoje por Torres. Além disso, Moraes solicitou que Oliveira aponte se “há provas ou indícios de serem de competência da Justiça Eleitoral” nas apreensões citadas.
Mas as notícias de bloqueios ilegais, impedindo o ir e vir da população para votar, acontecem também em outros locais além do Nordeste.
Segundo a jornalista Flávia Oliveira, do Globonews, “o congestionamento neste momento é o dobro do registrado no mesmo horário, em 02/10. Informações sobre blitz da PM-RJ, em particular na Avenida Brasil, principal via de acesso às Zonas Norte e Oeste da capital”.
“Inadmissível a ação de policiais (estaduais e federais) para cercear o direito e o deve de votar do povo brasileiro. As denúncias se multiplicam pelo país. PRF, PF, PM são instituições de Estado, não de um governo. Nunca de um governo”, escreveu ela no Twitter
Estou envergonhado pela ação da PRF. Autoritarismo explícito. A justiça tem que agir imediatamente. A lei é pra todos.