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Especialistas na área avaliam que a compra só deve ser concretizada no final do ano, ou seja, após as eleições no Brasil. Mesmo assim, é bom ficar de olho
Os bolsonaristas, em certa medida, comemoraram. Será por quê? Os usuários da plataforma dizem que a plataforma é “terra de ninguém”.
Todavia, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) avalia que a compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk não deve afetar os acordos feitos entre a Corte e a plataforma para o combate à desinformação na eleição de outubro.
Os entendimentos firmados até o momento são mais no sentido da cooperação e não preveem alterações significativas que ensejariam mudança de formato em nova gestão.
Além disso, especialistas na área avaliam que a compra só deve ser concretizada no final do ano, ou seja, após as eleições no Brasil. A aquisição precisa ser aprovada pelo órgão regulador norte-americano e passar por ritos de controle acionário, o que deve ainda demorar.
‘PARA ALÉM DA ELEIÇÃO’
Essa é a avaliação também do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto de lei das fake news. “A consolidação da compra vai se projetar para além da eleição. Com sorte, vai ser homologada em dezembro. Eu não vejo no curto prazo uma mudança de orientação por parte do Twitter”, analisa o parlamentar.
O parlamentar acredita, ainda, que, em que pese a defesa da liberalidade pelo novo dono da plataforma, a mudança na condução dos negócios não deve ser brusca.
Ele destaca que a postura como usuário não é, necessariamente, a mesma como a do dono da empresa. “A imagem pública é um ativo e se passar da linha, ele é quem vai perder”, disse.
A deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) disse que espera que o negócio estimule plataformas a pararem de diminuir a visibilidade de postagens de perfis ligados à direita. “O importante é que todos possam falar sem redução de alcance”, acrescentou.
ENTENDA A TRANSAÇÃO
O Twitter aceitou e causou rebuliço, na segunda-feira (25), a oferta de US$ 44 bilhões (R$ 214 bilhões) feita pelo bilionário Elon Musk para comprar a rede social.
A decisão ocorreu após o conselho de administração da empresa aprovar a oferta feita aos acionistas.
A aquisição — uma das maiores da história corporativa — pode tornar Musk um barão das redes sociais, com poder de controlar o que ele mesmo definiu como a “praça pública de fato do mundo”.
ACORDO COM TSE
Em meados de fevereiro, o TSE e representantes das plataformas digitais Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, YouTube e Kwai assinaram acordos com o objetivo de combater a disseminação de desinformação no processo eleitoral.
Ao renovar a parceria com as principais plataformas digitais que operam no Brasil, iniciada nas eleições municipais de 2020, a Justiça Eleitoral reforça a estratégia para combater a divulgação de notícias falsas que podem comprometer a legitimidade e a integridade das eleições marcadas para os dias 2 de outubro (1º turno) e 30 de outubro (eventual 2º turno).
“Nosso objetivo é desenvolver ações para coibir e também neutralizar a disseminação de notícias falsas nas redes sociais durante as eleições deste ano. Paz e segurança nas eleições de 2022. Por isso, juntos, mais uma vez, vamos realizar, como sempre temos feito, eleições limpas, livres e seguras”, ressaltou o então vice-presidente do TSE, ministro Edson Fachin, hoje presidente.
PRIORIZAR INFORMAÇÕES OFICIAIS
Os memorandos de entendimento assinados listam as ações, medidas e projetos que serão desenvolvidos em conjunto pela Corte Eleitoral e por cada plataforma, conforme as respectivas características, funcionalidades e público-alvo.
Por meio desse acordo, todas as plataformas se comprometeram a priorizar informações oficiais como forma de mitigar o impacto nocivo das fake news ao processo eleitoral brasileiro.
Os termos de cooperação pactuados com as organizações não envolvem troca de recursos financeiros e não acarretam qualquer custo ao TSE. As medidas a serem colocadas em prática devem ocorrer, inclusive, após o período eleitoral, até 31 de dezembro deste ano.
M. V.