Um vídeo publicado no Twitter pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, teve sua veiculação suprimida pela rede social no domingo (4) por ter conteúdo de “ameaça de violência” e “glorificação da violência”.
O ex-deputado federal, que foi cassado por corrupção em 2005 e atualmente se aliou a Bolsonaro, aparece na peça sugerindo que cristãos devem se armar contra o “Satanás que quer fechar igrejas e impor o comunismo no Brasil”. No vídeo, Jefferson também diz que vai mostrar aos cristãos o “kit-anti Satanás”.
O vídeo foi publicado na sexta-feira (2) em um perfil não verificado de Jefferson no Twitter. A conta do ex-deputado está “retida” desde o final de março, após o político ter defendido a criação de milícias em Juiz de Fora (MG) para “dar um pau” na guarda municipal, devido à atuação dos agentes na fiscalização de medidas sanitárias na pandemia.
Na publicação removida pela rede social, usando uma arma aparentemente de brinquedo nas mãos, o presidente do PTB incita fiéis de igrejas à violência dizendo que é preciso encontrar “o Satanás armado”. “Esse, um irmão patriota bota fora de combate”, afirmou.
Jefferson apresenta outros instrumentos como cabo de enxada e taco de beisebol. Segundo ele, os objetos devem ser usados para bater no braço do “Satanás” que estiver com lata de spray de pimenta na mão. Outro artefato que aparece no vídeo é um chicote. “A maneira de se exorcizar o Satanás é no chicote”, declarou.
Ele também sugeriu que os fiéis usassem uma balaclava, um tipo de touca com abertura para os olhos, na “hora que chegar o Satanás para fechar a igreja”. “A hora que chegar o Satanás para fechar igreja você não pode respirar o ar do Satanás, para não adoecer”, disse.
A publicação do vídeo ocorreu no momento em que grupos evangélicos intensificavam as pressões pela suspensão de medidas recomendadas pelas autoridades sanitárias para evitar aglomerações durante celebrações religiosas em razão do recrudescimento da pandemia da Covid-19.
No sábado (3), o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou a realização de cultos e missas presenciais em todo país. O processo foi movido pela Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos) contra um decreto de março de 2020 da cidade de João Monlevade (MG), que suspendeu as atividades religiosas por causa da crise sanitária.
O caso deve ser julgado pelo plenário do STF na próxima quarta (7), depois que o ministro Gilmar Mendes negou um pedido apresentado pelo PSD, no qual o partido contesta decreto do governo de São Paulo, João Doria (PSDB), que proibiu a realização de cultos e missas presenciais no Estado para conter o avanço do coronavírus.