O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Vahan Agopyan, afirmou que é impossível um projeto como o Escola sem Partido ser aplicado na instituição. O reitor falou, nesta segunda-feira, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, sobre o papel das universidades, cobrança de mensalidades e a polarização política que atinge as instituições de ensino.
“Os problemas da sociedade repercutirem na universidade é uma coisa natural. O que me preocupa é explicar o que é uma universidade de pesquisa para a sociedade. A sociedade não entende a gente”.
Para Vahan, é preciso ficar claro que a USP contribui para o desenvolvimento do País e quem lucra com isso é a sociedade. Como consequência, não faz sentido para ele a cobrança de mensalidades.
“O grosso dos nossos alunos é classe média baixa. Não vai poder cobrar U$ 75 mil dólares como Yale, nem os ricos brasileiros têm. A última vez que fizemos umas contas, para cobrar em proporção com que o aluno tem, as mensalidades não davam nem 8% do orçamento da USP”, afirmou o reitor.
Mesmo que a lei seja aprovada, Vahan afirma que a autonomia universitária, dada pela Constituição, permite com que as ideias de impedir discussões políticas, de gênero e sexualidade vinguem na mais conceituada universidade do País.
Ainda, quando questionado, Vahan falou sobre a opinião do governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), que diz ser a favor do projeto escola sem Partido.
“Na USP, é impossível. Obedecemos às leis, mas coisas que ferem nossa autonomia, a USP não precisa seguir. Isso fere. A universidade é um locus de debate. Formamos cidadãos”. Ao final, quando indagado sobre algum aluno denunciar sobre o projeto, o reitor afirmou, “Denunciar para quem? Não vou criar um mecanismo de controle ideológico na USP”.