O deputado Luis Parra assumiu o cargo de presidente da Assembleia Nacional da Venezuela em lugar de Juan Guaidó, com os votos dos legisladores ligados ao governo de Nicolás Maduro e do setor de oposição que não responde ao ‘autoproclamado’ presidente do país, reconhecido pelos governos dos Estados Unidos, do Brasil e outros países.
Parra foi eleito com Franklin Duarte, do partido Copei na primeira vice-presidência, e José Gregorio Noriega (expulso do partido de Guaidó, Vontade Popular, sob acusações de aceitar subornos do governo) na segunda vice-presidência.
O novo presidente teria intercedido perante autoridades da Colômbia e dos Estados Unidos para livrar de responsabilidade o empresário colombiano Carlos Lizcano em casos de supostos problemas na importação de alimentos para o governo de Nicolás Maduro. Depois desse episódio, o partido opositor Primeiro Justiça, ao que pertencia, o excluiu de suas fileiras. Ele então rompeu com Guaidó, assegurando que ainda se mantém como adversário de Maduro, segundo a Agência Reuters.
A eleição se realizou sem a presença de Guaidó no Palácio Legislativo, o que sua corrente denunciou como “um golpe de Estado parlamentar”. Afirmam que a eleição não teve votos ou quórum necessário porque Juan Guaidó e os parlamentares contrários a Maduro foram impedidos de entrar na Assembleia Legislativa no momento do pleito.
As versões, em meio ao bate-cabeça nas hostes opositoras, são controvertidas. O presidente eleito da AN, Luis Parra, disse que o deputado que presidia a Assembleia não quis entrar. “Ninguém impediu Juan Guaidó de entrar. Ele não entrou porque não tinha votos, por isso ficou fora do Palácio Legislativo Federal. Outros que tinham mandado de prisão entraram bravamente. Não vamos ficar viciados no passado e Guaidó é o passado”, disse.
O deputado chavista Pedro Carreño declarou à agência AFP que a sessão foi iniciada apesar da ausência de Guaidó, com a presença de 150 deputados e que Parra teria recebido 84 votos.
Através das notícias emitidas pelo canal oficial VTV, puderam ser vistas imagens de uma desordenada sessão, onde seguidores de Guaidó, do governo e opositores de outras fórmações políticas se enfrentavam em discussões e brigas e onde se denunciava que não deixavam entrar jornalistas de meios de comunicação não oficiais, observou o site Aporrea.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, afirmou neste domingo (5) em uma rede social que o Brasil não reconhecerá o resultado para a Assembleia Nacional da Venezuela.
O governo brasileiro reconhece o ‘autoproclamado’ Juan Guaidó como presidente da Venezuela desde janeiro do ano passado. Em fevereiro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro o recebeu no Palácio do Planalto, em Brasília.