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“Um companheiro, um lutador, um “tzadik” [justo], em plena atividade, que perdemos para esta tragédia que o Brasil está vivendo e que já ceifou mais de 500 mil vidas”, afirmou, indignado, o rabino Alexandre Leone ao comandar a cerimônia de despedida de Sergio Storch. O ato, uma live produzida pela sinagoga Massoret contou com dezenas de participantes entre familiares e amigos de jornadas de luta da comunidade judaica e da sociedade brasileira
“Quem não conheceu o Sergio Storch, não conheceu o movimento progressista no interior da comunidade judaica nos últimos trinta anos”, afirmou o rabino Alexandre Leone durante a cerimônia em sua homenagem e pela recepção do shabat, o sábado, em uma live organizada pela sinagoga Massoret (Tradição) nesta sexta-feira (2).
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“Quem não se lembra de sua atividade no Shalom-Salam-Paz [movimento que reuniu árabes e judeus a partir do ano 2000 em favor da paz e pelo fim da ocupação israelense nos territórios palestinos], de sua atividade na organização [da qual foi um dos idealizadores], a Judeus Progressistas, a Juprog?”, ressaltou o rabino.
“Era comprometido com valores judaicos como o ‘Tikun Olam’ (concerto do mundo) “, disse ainda o rabino que o designou como um ‘tzadik’ (justo). Segundo o Talmud o planeta é habitado por um número de justos que “são os que fazem a vida progredir e sem os quais a vida no planeta cessaria de existir”.
NA LUTA CONTRA A AMEAÇA À DEMOCRACIA
Leone enfatizou sua recente luta em defesa da democracia brasileira ameaçada “indo às ruas, participando dos encontros em um dos quais, talvez, tenha contraído o vírus”; destacou sua iniciativa pela paz e democracia reunindo com ativistas e líderes de diversos credos na Frente Inter-Religiosa Dom Paulo.
“MORTE MARCADA PELO NEGACIONISMO E FASCISMO QUE COMBATEU”
Entre as declarações dos mais diversos participantes das jornadas de luta ao lado de Sergio Storch destacamos a de Renato Bekerman, dirigente da organização Meretz Brasil, entidade que divulga a atividade dos progressistas israelenses reunidos no partido de mesmo nome em Israel. Bekerman, viu em Sergio um dos “grandes articuladores desta renovada esquerda brasileira” e acrescentou:
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“Tinha uma visão estratégica importante que contribuía para aglutinar forças que nem sempre se alinhavam ideologicamente. Tivemos muitas discordâncias, mas sempre estivemos do mesmo lado da luta.
“Sua morte pela COVID é marcada pelo negacionismo e fascismo que ele tanto combateu.
“Que sua memória continue a nos inspirar nas lutas pela liberdade, direitos humanos, justiça social… Fará muita falta.
Iehi Zichron Baruch (Que seja abençoada sua memória)
Hajj Mangolin, dirigente dos Comitês Islâmicos de Sollidariedade também se fez presente à cerimônia na sinagoga Massoret, assim como a ialorixá, Yá Adriana de Nanã, que desejou “que seus ancestrais o recebam de braços abertos”.
OBSERVATÓRIO JUDAICO DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
Assim que soubemos do falecimento de Sergio Storch após dias de sofrida luta contra a Covid, nós, diretores do Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil, emitimos uma nota de pesar e saudação intitulada “Brasil perde Sergio Storch, importante ativista do progressismo judaico, para a Covid”, da qual reproduzimos os principais trechos:
“Há poucos minutos ficamos sabendo da passagem de nosso companheiro Sergio Storch. Ainda consternados pela perda de um amigo de todos que lutam por justiça, paz e democracia, e dos que se encontram nas causas que buscam o melhor para o Brasil e para a Humanidade, nós do Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil (OJDHB) nos unimos aos que expressam a dor pela perda de um companheiro de lutas e enviamos nossos sentimentos aos seus familiares.
“A presença de Sergio sempre foi marcante na defesa da justiça e da paz tanto aqui no Brasil quanto na região que nos é cara, o Oriente Médio, em especial entre judeus e árabes, entre israelenses e palestinos.
“Como não lembrar dele no grupo Shalom-Salam-Paz, nas diversas jornadas e encontros na Casa do Povo em São Paulo ou na Associação Sholem Aleichem no Rio de Janeiro? Sergio foi ao encontro de correntes progressistas e democráticas, criou a Frente Inter-Religiosa Dom Paulo, vinculada à Comissão de Justiça e Paz.
“Sergio esteve conosco nas reuniões que levaram à criação do nosso Observatório. Com clareza quanto ao lado certo que cabe aos progressistas, Sergio sempre buscava transformar os debates de ideias em ações práticas, ainda que a defesa de suas ideias e sugestões o levassem ao limiar das mais duras polêmicas…sempre travava o bom combate no terreno das ideias e dos ideais. Ele foi, sem dúvida, o responsável pelo envolvimento de muitos, nos últimos anos, no movimento progressista judaico no Brasil.
“Além da dor e da saudade que ele nos deixa, fica o sentimento de insurgência pois sua morte decorrente da Covid, assim como a de mais 500 mil brasileiros – que tanto nós quanto ele vimos afirmando em encontros, em lives e nas ruas – poderia ter sido evitada.
“Sergio fica conosco. Seu espírito fica com todos os que lutam por paz, justiça, progresso, ciência, desenvolvimento. Sua partida do mundo físico nos estimula a um compromisso mais profundo com a luta pelas mudanças que a cada dia se fazem mais necessárias.
Companheiro Sergio, PRESENTE!”
NATHANIEL BRAIA