“Porque foi uma sacanagem o jeito que enfiaram esse ‘jabuti’ numa votação remota”, declarou o deputado Jerônimo Goergen (RS)
O deputado federal Jerônimo Goergen (PP) afirmou ao HP que vai “votar pela manutenção do veto” à emenda-jabuti que deu isenção bilionária para as igrejas.
“Porque foi uma sacanagem o jeito que enfiaram esse ‘jabuti’ numa votação remota”, declarou o deputado que havia votado, anteriormente, a favor da emenda.
“A gente não tinha clareza do que estava no texto em destaque, que no final tinha isto lá e, o pior, orientado pelo governo, achando que aquilo era ponto pacífico. Então, eu vou votar pela manutenção do veto”, afirmou Goergen em entrevista à Hora do Povo.
No vocabulário dos congressistas, ‘jabuti’ é quando um parlamentar dá um jeitinho de enfiar uma emenda que não tenha correlação alguma com o texto que está sendo debatido em um projeto, ou seja, emenda estranha ao texto original.
Assim agiu o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do missionário R. R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, ao inserir uma emenda que anistia as dívidas da igrejas do grupo de devedores da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e de multas por não pagamento da contribuição previdenciária, no Projeto de Lei (PL) 1581/2020 – que tratava de recursos para estados e municípios combaterem o coronavírus.
A emenda ‘jabuti’ contou com a base de apoio do executivo federal. Com a aprovação do PL pelo Congresso, Bolsonaro vetou a emenda, argumentando que a eventual sanção implicaria em crime de responsabilidade. No entanto, Bolsonaro disse que se ele fosse parlamentar votaria pela derrubada do veto.
Assim como Jerônimo Goergen, muitos parlamentares têm divulgado que cometeram um erro e que não vão seguir a recomendação de Bolsonaro. “A manutenção do veto [presidencial] acaba com o equívoco cometido por vários deputados e deputadas”, disse a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), também em reportagem da Hora do Povo.
“Foi uma votação que veio em meio a uma pauta cheia e esse texto era o que chamamos de ‘jabuti’, pois nada tinha a ver com o projeto principal”.
“Aquela votação extensa levou vários parlamentares ao erro. Foi justamente o que aconteceu comigo, e me arrependi do meu voto neste ponto do projeto”, disse a deputada.
ANTONIO ROSA
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