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O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse que irá à Organização das Nações Unidas (ONU) para conter “o genocídio” praticado por ele mesmo no estado.
Em entrevista coletiva antes dos shows do Rock in Rio 2019, neste domingo (29), Witzel defendeu o fechamento da fronteira brasileira com Paraguai, como forma de combater a violência no Rio de Janeiro.
Ao admitir a existência de um “genocídio”, Witzel tenta criar um novo inimigo para justificar o alto número de assassinatos no estado: o Paraguai.
“A gente tem que fechar a porteira do Paraguai, de forma a não permitir que essas armas entrem, e que a gente fique discutindo e permitindo que se faça palanque em cima do caixão de pessoas que são vítimas da violência”, disse Witzel.
Ele disse ainda que pedirá à ONU para fechar a fronteira com Paraguai, Bolívia e Colômbia. “O próprio Conselho de Segurança da ONU pode tomar essa decisão, de retaliar o Paraguai, a Bolívia e a Colômbia no que diz respeito às armas”.
O mesmo governador que se diz contra “palanque em cima do caixão” aproveita uma entrevista para dizer que os países vizinhos são os responsáveis pelo genocídio no Rio.
Como se não houvesse responsabilidade de seu governo no genocídio que ocorre no Rio de Janeiro. Ou se não houvesse responsabilidade de seu aliado, Jair Bolsonaro, que ocupa a Presidência da República, no controle das fronteiras do país.
LETALIDADE
Foi Witzel que defendeu a política de “abate” nas comunidades e, sob tal orientação, o índice de mortes em ações policiais atingiu recordes no estado.
De janeiro a agosto deste ano, 1.249 pessoas foram mortas por agentes de segurança do estado – quase o dobro do registrado no mesmo período de 2009, quando foram 723 mortos.
Segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio, o indicador de julho bateu o recorde para um mês – foram 176 pessoas mortas por policiais no Rio de Janeiro, foram 5,6 mortes realizadas por policiais ao dia.
ÁGATHA
Neste ano, 17 crianças foram baleadas no Rio de Janeiro. Cinco delas foram mortas.
A morte mais recente foi a da menina Agatha Félix, de apenas 8 anos. Ela foi baleada pelas costas durante uma ação policial no Complexo do Alemão, em 20 de setembro.
Segundo as testemunhas, não havia confronto quando foram disparados os dois tiros de fuzil.
Mas para o governador, a morte da estudante aconteceu porque os traficantes da comunidade da Fazendinha, dentro do Complexo do Alemão, estão “sofrendo severas baixas”.
Sobre as homenagens feitas a Ágatha durante apresentações no Rock in Rio, Witzel disse quem protesta contra o assassinato da menina “está dando eco a uma política perversa contra algo que está sendo bem feito”.
No caso, o “que está sendo bem feito”, segundo ele, é a sua política assassina.
DENÚNCIA
Na semana passada, movimentos de favelas do Rio de Janeiro enviaram uma denúncia à alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, e à Relatoria Especial sobre Execuções Sumárias e Extrajudiciais contra Witzel pela morte da menina Ágatha .
“A morte de Ágatha é mais uma tragédia diretamente relacionada à política bárbara de segurança pública que está sendo conduzida pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Existe uma situação humanitária drástica imposta pelo governador aos bairros pobres e negros do Rio”, relata a denúncia.