Após um mês e meio do início dos cadastramentos para o auxílio emergencial, 10 milhões de pessoas ainda aguardam pela aprovação do cadastro para o recebimento da primeira parcela.
Segundo o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, foram até o momento 101,2 milhões de cadastrados finalizados no sistema da Caixa. “Aqueles que estão em análise, 10% do volume do total, é uma resposta que nós não podemos dar porque quem realiza toda análise é a Dataprev e o Ministério da Cidadania”.
“Não temos resposta sobre até quando serão analisados. A homologação depende do Ministério da Cidadania”, afirmou Pedro Guimarães em coletiva na terça-feira (19).
Ele também disse que todos os trabalhadores que tiverem cadastros aprovados receberão as três parcelas do auxílio, não importa quando.
O problema é que, na contramão da enorme burocracia e dificuldades impostas pelo governo para a liberação do auxílio, a fome não espera, e milhões de brasileiros já não sabem o que fazer para sobreviver.
Além dos 10 milhões que aguardam pelo processamento, mais de 30 milhões de pessoas tiveram o auxílio negado, conforme balanço divulgado pela Caixa na última quinta-feira.
É uma multidão de necessitados, pessoas que mesmo antes da pandemia do coronavírus já viviam a amarga realidade da “moderna” economia apregoada pelo ministro Paulo Guedes – a informalidade, o trabalho sem vínculo empregatício, o “livre” empreendedorismo, o vire-se como puder -, que agora, com o colapso econômico provocado pelo vírus, clamam pela mínima assistência do Estado.
Os motivos para milhões de pessoas ficarem de fora do auxílio demonstram a incompetência do governo, irregularidades e, porque que não dizer, a intenção de liberar o mínimo de recursos possível.
Trabalhadores que no momento estão desempregados relatam, por exemplo, que mesmo atendendo aos critérios exigidos pelo programa, tiveram seu benefício negado por apareceram nos dados da Dataprev como empregados, já que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) utilizado pela empresa de processamento, não é atualizado desde janeiro.
Milhões de pessoas foram consideradas com cadastro inconclusivo por que preencheram uma data de nascimento, o CPF de um filho, ou o CEP de maneira errada, ou deixaram de colocar algum dado no cadastro.
Isso sem contar a barreira discriminatória imposta logo de cara pelo programa, que exige que os mais necessitados, os mais vulneráveis, pessoas que nada têm, precisam de acesso à Internet, celular e computador para se cadastrarem, acompanhar o andamento do seu pedido, e sacar e movimentar o recurso, caso cheguem a ser aprovados.