Corporação cumpriu hoje 47 mandados; 2 foram presos. Investigação apura os atos antidemocráticos praticados por bolsonaristas, em 8 de janeiro do ano passado
Completado 1 ano da tentativa de golpe de Estado, nesta segunda-feira (8), a PF (Polícia Federal) colocou na rua, nesta madrugada, a 23ª fase da Operação Lesa Pátria, autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que investiga a intentona golpista de 8 de janeiro de 2023.
Os alvos foram suspeitos de financiar e fomentar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ano passado, com ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Essa 23ª fase cumpriu 47 mandados de busca e apreensão e 1 de prisão. As buscas ocorreram nos Estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Paraná, Rondônia, São Paulo, Tocantins, Santa Catarina e no Distrito Federal.
PRISÃO PREVENTIVA
O mandado de prisão preventiva foi cumprido na Bahia. O alvo é investigado como depredador e financiador, pois, segundo as investigações, pagou ônibus que saiu da Bahia para Brasília um dia antes dos atos de vandalismo na capital federal.
Além do mandado de prisão, foi apurado que houve uma prisão em flagrante no Rio Grande do Sul, de homem por posse irregular de arma de fogo.
INDISPONIBILIDADE DE BENS, ATIVOS E VALORES
O STF, que tem o ministro Alexandre de Moraes como relator do inquérito, determinou também a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados.
A PF apura que os valores dos danos causados ao patrimônio público podem chegar ao valor de R$ 40 milhões.
As investigações continuam em curso e a Operação Lesa Pátria se tornou permanente. Em entrevista ao portal UOL, na manhã desta segunda-feira, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, disse: “se alguém fugiu ou saiu, a Operação Lesa Pátria não tem data para acabar e vai buscar todos os envolvidos naquele ato contra a democracia no País.”
CRIMES PRATICADOS PELOS GOLPISTAS
De acordo com a PF, os atos golpistas constituem, em tese, “crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido”.
Onde foram cumpridos os mandados de busca e apreensão:
• Bahia – 2
• Distrito Federal – 5
• Goiás – 2
• Maranhão – 4
• Minas Gerais – 2
• Mato Grosso – 10
• Paraná – 1
• Rondônia – 1
• Rio Grande do Sul – 13
• Santa Catarina – 2
• São Paulo – 1
• Tocantins – 3
NOMES DE PESO
Deputados da base do governo dizem que a PF vai fazer operações contra nomes de peso a partir deste mês. A maioria dos presos até agora são pessoas que invadiram os prédios do Planalto, Congresso e STF.
Os próximos alvos, avalia a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), seriam financiadores, mentores e militares. Até o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve estar entre os alvos.
OPERAÇÃO LESA PÁTRIA
Na 1ª fase da Lesa Pátria, em 20 de janeiro de 2023, a PF realizou operação contra o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), que foi afastado, em 9 de janeiro 2023, por determinação de Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em 30 de novembro de 2023, a PF deflagrou a 22ª fase da Operação Lesa Pátria. O objetivo era identificar pessoas que financiaram e fomentaram os atentados de 8 de janeiro, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF foram invadidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em 9 de janeiro de 2023, no dia seguinte aos atentados golpistas, a PF prendeu em flagrante 2.151 pessoas que teriam participado das ações e seguiram acampadas diante de quartéis em Brasília.
Destas, 745 (pouco mais de 1/3 dos presos em flagrante) foram liberadas após a identificação, entre eles maiores de 70 anos, pessoas com idade entre 60 e 70 anos com comorbidades e 50 mulheres que estavam com filhos menores de 12 anos nos atos.
Inicialmente, as investigações foram facilitadas porque os suspeitos divulgaram indícios e provas dos crimes em redes sociais. Além disso, voluntários criaram perfis e contas para ajudar as autoridades com a identificação dos participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro. A PF também divulgou endereço eletrônico (e-mail) como canal para denúncias.