Cresce movimento evangélico contra Bolsonaro que “permitiu a morte de mais de 500 mil irmãos”, diz o coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, pastor Ariovaldo Ramos. A Frente está entre as dezenas de entidades que aderiram à Coalizão Evangélica Contra Bolsonaro
50 entidades evangélicas estiveram presentes à live da Coalizão Evangélica Contra Bolsonaro com seus líderes lançando um chamado aos evangélicos de todos o Brasil para que se somem aos atos do dia 24 por todo o país.
O pastor Ariovaldo Ramos, coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, uma das entidades que se somaram ao chamado da Coalizão, destacou que “o negacionismo de Bolsonaro causou um estrago na sua base de fé cristã, o que deve ter acontecido também entre católicos e espíritas”.
O pastor destacou que “muitos pastores cooperaram com o negacionismo de Bolsonaro. As pessoas o apoiaram na prática, foram a movimentos, cultos, encontros sem máscaras. Mas então começaram a ser assaltadas pela realidade”, diz Ramos. “O tio, a avó, o avô, parentes começaram a morrer.”
“Assim, o ‘não vai acontecer nada’ de Bolsonaro provocou uma crise de fé”, acrescentou Ariovado.
Durante o evento, foi lançado o manifesto da “Coalizão Evangélica contra Bolsonaro” que abre com o versículo João 10:10: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” e denuncia: “Vemos o (des)governo do presidente Jair Bolsonaro como um agir maligno, que já permitiu a morte desnecessária de mais de meio milhão de irmãos e irmãs em nosso querido Brasil”.
O evento foi aberto com o reverendo Augusto Amorim declarando que o povo se depara “com uma realidade marcada pela condução de uma política de morte e pelo uso não apropriado da fé cristã”.
Ele cantou uma música de sua autoria junto com o pastor Daniel do Amaral intitulada “Resistir ao mal”: “O verdadeiro evangelho é boa nova de justiça/ Vamos resistir ao mal/Não se permite o silêncio”, diz a letra.
Camila Oliver, presidente da Aliança Batista no Brasil, declarou: “Celebramos a vida pela justiça e em prol dos oprimidos e, por isso, onde houver uma de nossas igrejas estaremos pregando contra o governo que aprofundou a opressão, assassinou mais de 500 mil”.
“Onde houver uma de nossas igrejas estaremos chamando todos às ruas, Fora Bolsonaro”, acrescentou.
Odija Barros, da Igreja Batista do Pinheiro em Maceió declarou: “Sou do Nordeste que resiste a Bolsonaro. O Nordeste insubmisso, cuja memória é resistência e luta. É em memória a essa história e por nossa identidade com a vida que nos declaramos contra esse governo genocida”.
A pastora Odija rendeu homenagem ao pastor batista Martin Luther King que “também se levantou contra o racismo e o projeto de morte em seu país”.
A pastora luterana, Ires Helfensteller, destacou que “ergueremos nossa voz contra essa necropolítica do governo atual, que atinge principalmente os pobres, os negros, os das periferias”.
Seguem os principais trechos do Manifesto da Coalizão Evangélica Contra Bolsonaro, lido ao final da live pelo pastor Ribamar Passos, da Frente Cristã Socialista:
“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” – João 10:10
“Em Jesus, vemos a valorização da vida, e vida em abundância. Ao curar enfermos, multiplicar pães e peixes e livrar da morte os excluídos (…) Ele deixou evidente a valorização da vida e dignidade humana como cernes da vontade divina e alvo maior de sua vida e ministério.
Na contramão disso, vemos o (des)governo do presidente Jair Bolsonaro como um agir maligno, que já permitiu a morte desnecessária de mais de meio milhão de irmãos e irmãs em nosso querido Brasil. Senão, vejamos:
Bolsonaro nega o auxílio emergencial de 600 reais para combate à fome e socorro dos mais pobres (…)ignorou 101 e-mails da Pfizer, que poderiam ter feito do Brasil um exemplo mundial de vacinação em massa: contudo, comprou insumos superfaturados para produção de Cloroquina – remédio sem nenhuma eficácia comprovada para combate a Covid-19 e ainda debochou e escarneceu, em rede nacional, das famílias enlutadas brasileiras, ao dizer que era apenas uma “gripezinha” e que não podia fazer nada “porque não era coveiro”.
Bolsonaro não esconde suas pretensões autoritárias de implantar novamente uma ditadura (…) destruindo de vez a Constituição Federal de 1988, que promete “construir uma sociedade livre, justa e solidária, sem discriminação de raça, sexo, cor, religião ou quaisquer formas de discriminação”, e cujas modestas conquistas também estão sendo desfeitas. É necessário, então, reafirmar a nossa posição, diante das inúmeras ameaças de golpe feitas ao país, tanto pelo presidente Jair Bolsonaro como por alguns de seus aliados.
Acreditamos que Bolsonaro veio para roubar, matar e destruir e, por isso, lutaremos com todas as nossas forças para que nossa democracia se amplie e se torne um regime político capaz de implementar a sociedade prevista na Carta Magna da Nação. Desta forma, nós, evangélicas e evangélicos de diversas igrejas, movimentos e coletivos, nos colocamos ao lado das inúmeras organizações que se movimentam em defesa do nosso povo e contra os avanços autoritários”.