Mais da metade dos brasileiros em idade de trabalhar ficaram sem ocupação em 2020, aponta estudo dirigido pelo professor da FEA/USP e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Hélio Zylberstajn.
Para chegar ao número, um recorde histórico, a pesquisa somou o contingente de pessoas que não estava trabalhando ou procurando emprego, ao cálculo de desocupados da Pnad-Contínua, do IBGE, chegando à marca de 93 milhões de pessoas, ou 53,2% da população em idade de trabalhar. Em dezembro de 2019, essa taxa era de 44,9%.
Os dados, antecipados em reportagem à Folha de São Paulo, têm como referência os meses mais duros da pandemia no país, em que a marca de trabalhadores desempregados e sem procurar trabalho ultrapassou 40%. Nos trimestre encerrados em julho e agosto, esse indicador chegou a 45,3%.
A população desocupada calculada pelo IBGE – que apenas considera os desempregados que estavam procurando emprego no período anterior à pesquisa – também bateu recordes sucessivos em 2020. Em novembro, alcançou 14 milhões de pessoas.
A alta informalidade do mercado de trabalho no país, que aumentou em ritmo acelerado nos últimos anos – e disparou no ano passado – fez com que o “baque” da pandemia fosse maior, afirma Zylberstajn. Em dezembro do ano passado, 41% dos trabalhadores ocupados atuavam em atividades informais.
“Imagina um vendedor nos cruzamentos em semáforo, ou quem vende bolo, sanduíche, na porta do metrô? As ruas ficaram desertas. O transporte público ficou às moscas. O pessoal não tinha o que fazer, ficou sem ocupação”, disse o pesquisador para reportagem da Folha.
Como previsão para 2021, o fim do auxílio emergencial e a redução do distanciamento social tendem a aumentar o número de desocupados segundo os critérios do IBGE. Ou seja, o número de desempregados que estão na rua disputando uma ocupação.
“A gente vai ter uma mudança na força de trabalho, que são os ocupados e desocupados. Vai aumentar muito a quantidade de desocupados, que são uma parte dos não ocupados. Eles vão voltar ao mercado de trabalho, mas não vai ter ocupação para todo mundo”, disse Zylberstajn.