O primeiro debate entre candidatos à Prefeitura, realizado na última quinta-feira (1), foi marcado pelas criticas ao atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), por sua desastrosa gestão no Rio de Janeiro.
Além de Crivella, o encontro da TV Bandeirantes reuniu Benedita da Silva (PT), Clarissa Garotinho (PROS), Eduardo Paes (DEM), Eduardo Bandeira de Mello (Rede), Fred Luz (Novo), Glória Heloiza (PSC), Luiz Lima (PSL), Martha Rocha (PDT), Paulo Messina (MDB) e Renata Souza (PSOL).
Os ataques ao atual prefeito se concentraram mais na sua gestão do que nos escândalos que marcaram os últimos meses, como ‘QG da Propina’ e o grupo ‘Guardiões do Crivella’.
Logo no primeiro minuto, Paes já deixou claro o caminho que quer seguir ao longo da campanha: uma comparação entre a gestão Crivella e os seus mandatos. Nesse contexto, rebateu a alegação do atual prefeito de que o Rio teria sido referência no combate ao coronavírus.
“Ao contrário do que disse o prefeito aqui, o índice de mortalidade do Rio foi o dobro do de São Paulo. As clínicas da família sem funcionar, o BRT… Dobrou o índice do desemprego. O carioca tem na memória que na nossa gestão as coisas eram muito melhores”, disse Eduardo Paes.
Quase todos os participantes atacaram a administração Crivella – que tem mais de 70% de rejeição nas pesquisas eleitorais. Ele conta com a tentativa de associação ao bolsonarismo e com as máquinas pública e da Igreja Universal para tentar se reeleger.
Crivella se defendeu apresentando números de atendimento em hospitais e a compra de equipamentos durante a pandemia da Covid-19. Ele não se referiu ao caso dos “Guardiões de Crivella”, onde sua gestão colocou contratados da Prefeitura nas portas de hospitais para impedir a cobertura da imprensa sobre a crise na capital fluminense.
Após ser confrontado por Clarissa Garotinho (PROS) sobre os repetidos déficits bilionários em sua gestão, Crivella tentou trazer o debate para o campo dos costumes.
O pastou então tentou atacar a candidata do PSol, Renata Souza, perguntando sobre “ideologia de gênero.
Renata, no entanto, preferiu usar o confronto direto para criticar a condução de Crivella no controle da pandemia (a capital fluminense já tem 11.024 mortos por covid-19).
“Você deixou as pessoas morrerem sem atendimento nos hospitais, como quer falar de ideologia de gênero enquanto a população está morrendo? Isso é uma vergonha, Crivella”, disse Renata.
Durante uma das sabatinas, Benedita da Silva lembrou do fato que um tomógrafo foi instalado na Igreja Universal do Reino de Deus, onde Crivella é bispo licenciado. “Onde está esse aparelho de tomografia? Onde a comunidade não tinha sensibilidade, no espaço da igreja. Precisamos ter um estado laico. Não podemos confundir o púlpito com o palanque político”, disse a candidata.
PAES E MARTHA ROCHA
Paes e a deputada estadual Martha Rocha (PDT) também protagonizaram bons embates. Em determinado momento, ela apontou o fato de o ex-prefeito ter comandado a cidade numa época de grandes eventos, como a Olimpíada, e desperdiçado a oportunidade de transformá-la em “referência em Saúde e Educação”.
Após Paes ironizar o fato de a candidata ter citado um suposto rombo de R$ 320 bilhões nos cofres cariocas, Martha atacou outro aspecto do ex-prefeito: sua personalidade. “Esse jeito malandro de ser, debochado e desrespeitoso, o carioca não aguenta mais. O carioca quer andar de cabeça erguida. Esse filme o carioca não quer de novo. O teu filme não vale a pena ver de novo.”
Os dois voltaram a se enfrentar no bloco seguinte, quando foi a vez de Paes partir para um duelo mais incisivo. Citou números da Polícia Civil durante o período em que Martha comandou a corporação para alegar que havia sido uma má gestão. Falou, entre os dados, sobre o aumento nos registros de estupros. Também destacou o fato de a deputada nunca ter ocupado cargos na Prefeitura.
“A senhora não conhece a Prefeitura do Rio, nunca esteve perto da gestão municipal. Respeito seu mandato, seu trabalho como deputada, mas nós precisamos nesse momento delicado da cidade alguém com experiência.”
Martha respondeu lembrando do episódio em que Paes foi acusado de machismo ao dizer que uma mulher negra iria “transar muito” após receber sua casa própria.
“Quero dizer para o senhor que a violência contra a mulher e o respeito às mulheres sempre foram uma missão e uma promessa da minha vida”, disse. “Esse aumento (de estupros) foi porque se uniu num único crime o atentado violento ao pudor e o estupro.” Em outro momento, voltou a emplacar uma frase de efeito: “Existe vida depois de Eduardo Paes.”