Ministro se apressa para importar a AstraZeneca produzida na Índia para tentar impedir o iníco da vacinação com a CoronaVac, que já está no Brasil
Nesta quarta-feira (13), o ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Eduardo Pazuello, afirmou que enviará um avião à Índia para buscar dois milhões de doses da vacina contra o coronavírus do laboratório multinacional AstraZeneca. A repentina pressa para conseguir doses da vacina acontece por conta do prazo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a liberação do uso emergencial dos imunizantes do Instituto Butantan e da AstraZeneca, que será no próximo domingo (17).
Enquanto o Instituto Butantan já tem em solo brasileiro 10,8 milhões de doses da CoronaVac e aguarda o aval da Anvisa para iniciar a vacinação dos brasileiros contra a Covid-19, o governo Bolsonaro corre para conseguir algumas doses de outra vacina, não porque esteja preocupado com a imunização da população, mas para fazer um evento no Palácio do Planalto, no dia 19, e dizer que deu o primeiro passo no seu inexistente Plano de Imunização.
Segundo o general de logística, a vacina da AstraZeneca, que terá como parceira de produção no Brasil a FioCruz, deve chegar ao país no próximo sábado (16), um dia antes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidir se aprova ou não o uso emergencial das doses importadas e em tempo do governo federal poder posar para foto.
O ministro ainda prometeu que a distribuição da vacina será feita em até quatro dias após a aprovação do uso emergencial pela Anvisa, mesmo não tendo nem as 2 milhões de doses que foi buscar na Índia. O ministro não se referiu à vacina do Instituto Butantan, que também pode ser liberada na mesma data.
“Hoje, decola o avião para ir buscar as duas milhões [sic] de doses na Índia. É o tempo de viajar, apanhar e trazer. Já está com o documento de exportação pronto. Data de decolagem para o dia 16. Então, quando nós tivemos a posição da Anvisa, nós temos o material para distribuir”, disse Pazuello durante o pronunciamento sobre as ações do Ministério no Amazonas.
Ainda durante o pronunciamento feito em Manaus (AM), Pazuello garantiu que o país começará a vacinar contra a Covid-19 ainda neste mês de janeiro e disse que “ninguém receberá a vacina antes de Manaus”, ao mesmo tempo em que pressiona o Governo do Estado e a Prefeitura a distribuir as doses encalhadas de cloroquina para a população como um “tratamento precoce” contra o coronavírus.
A média móvel de mortes no Amazonas nos últimos sete dias subiu 217% no Amazonas – maior alta do país, segundo o consórcio de veículos de imprensa. A situação grave que o Amazonas enfrenta é fruto do descaso com que o governo Bolsonaro trata a pandemia no país.
A busca doses da vacina da AstraZeneca na Índia é o jogo político do governo para correr atrás do prejuízo frente às ações do governo paulista e do Instituto Butantan que, além de 10,8 milhões de doses, já tem a garantia da chegada de outras 36 milhões até março, dentro do plano estadual de vacinação estabelecido com datas para cada grupo.
O plano do governo paulista é dar início à imunização até o dia 25 de janeiro, com profissionais de saúde, e a partir de 8 de fevereiro vacinar idosos com 75 anos ou mais. Os 10 mil postos de imunização no estado funcionarão todos os dias e terão capacidade de imunizar 600 mil pessoas diariamente.