Em transmissão ao vivo, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) e o vereador de Araraquara, Guilherme Bianco, falaram sobre a grave situação de Saúde enfrentada pelo país, e mais recentemente na cidade de Araraquara, que nas últimas semanas vive um colapso na rede pública.
Para Orlado Silva, o caos enfrentado na região e em diversas parte do Brasil tem responsável, e “começa com o presidente da República”.
“Eu tenho denunciado que ele é um genocida porque imagine quantas vidas nós poderíamos ter poupado no Brasil se nós tivéssemos um presidente que, ao invés de negar a ciência, investisse mais na ciência, estimulasse mais a ciência. O mundo todo está comprando todas as vacinas que aparecem no mercado. Os EUA estavam vacinando na semana passada 2 milhões de pessoas por dia, então, está todo mundo na correria”, disse Orlando.
Para Orlando, a inércia de Bolsonaro “não lidera o país para acabar com a Covid, e é isso que fez com que o Brasil se tornasse o segundo país do mundo em número de vítimas, em número de mortes. Olhe que ainda temos as subnotificações, infelizmente o número pode ser ainda mais dramático”.
Guilherme, vereador jovem em seu primeiro mandato, enfatizou a gravidade da pandemia na região de Araraquara, cidade que decretou lockdown no último período para tentar enfrentar a superlotação dos hospitais e a escassez de leitos na cidade.
“A nossa região passa por um verdadeiro caos, a nossa saúde está colapsada. Hoje, se não me engano, temos 12 pessoas à espera de um leito de UTI e não estamos conseguindo reduzir o nível de mortalidade em nosso município, infelizmente. A DRS III [Departamento Regional de Saúde], que abrange a macrorregião de Araraquara, é o novo epicentro da pandemia. Já foi Manaus, agora é Araraquara”, disse Guilherme.
“Não tem uma semana que a gente não tenha que tratar do desgoverno de Bolsonaro aqui na Câmara Municipal. Semana passada ele foi falar mal do uso de máscaras, além das falas sobre a cloroquina. Ele também mandou as vacinas erradas aqui para a cidade, ao invés de mandar a segunda dose da CoronaVac, mandou mais doses da AstraZeneca. Então o pessoal que tomou a primeira dose da CoronaVac tem questionado muito a Prefeitura porque não tinha chegado a vacina correta”, completou.
Para Guilherme, esse momento de agravamento da pandemia impõe, mais do que nunca, a necessidade de um plano de combate à pandemia que leve em consideração as particularidades regionais, priorizando as regiões onde a situação está ainda mais crítica.
“Na última sessão aqui na Câmara Municipal, foi aprovado uma moção de apoio, por iniciativa do nosso mandato, para corroborar com o pedido da nossa secretária de Saúde para priorizar a vinda de vacina aqui para a cidade. Porque é necessário priorizar as cidades que hoje representam o foco da crise sanitária”, defendeu Bianco.
Orlando informou que recebeu do prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), algumas pautas que podem ajudar os municípios e que já havia trabalhado sobre elas e encaminhado ao presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL).
Como estratégia para dar conta dos desafios impostos por uma pandemia, sob a administração do governo Bolsonaro, os parlamentares ressaltaram a importância de se constituir uma frente ampla que dê condições de isolar o bolsonarismo obscurantista na sociedade.
“Essa é mais que uma alternativa, é uma necessidade. Nós temos vivido nesse último período, nesse momento triste, alguns ensaios. Quando o Dória defende a vacina, defende a ciência, eu estou no mesmo campo que ele. No Congresso Nacional teve muitos momentos que essa frente desejada se articulou: para apoiar o auxílio emergencial, para apoiar estados e municípios, para apoiar a manutenção do Fundeb.”, disse Orlando.
Orlando enfatizou que “aqui em São Paulo somos oposição ao governo do estado, somos oposição aqui na capital, mas eu saúdo a atitude que teve o governador, na minha opinião correta, quando investiu na vacina, no Butantan, foi uma coisa boa”.
“Ao mesmo tempo, eu sou muito crítico com a vacilação, vai e volta. Se nós tivéssemos feito no momento certo o lockdown nós teríamos quebrado a onda de expansão do vírus. Se tivéssemos feito a busca ativa teríamos diminuído o ímpeto de propagação do vírus”, afirmou Orlando.
Enquanto os estados estão tomando uma posição ativa no combate à crise sanitária, “o presidente continua sem ajudar, gastando dinheiro com cloroquina e essas coisas tais. O ministro da Saúde, que diz que é campeão de logística, anda mais amarrado do que cágado no pé de uma cadeira”, continuou.
Orlando lembrou ainda que, enquanto os entes federativos, junto com demais poderes, têm buscado construir mecanismos para aplacar os impactos da crise na vida do conjunto da população, Bolsonaro sabota a retomada do auxílio emergencial. “O governo Bolsonaro, tem sido um desastre completo. “Nós [parlamentares] quem criamos o auxílio emergencial ano passado, ele podia ter renovado e não renovou”, disse Orlando.
“Nós quem criamos a política de refinanciamento da dívida dos estados, criamos mecanismos para repor a receita e as perdas dos estados e municípios. Com isso conseguimos repor algumas das despesas públicas. Agora, estamos brigando para retornar o auxílio emergencial, porque você sabe que a fome voltou para a casa dos brasileiros com muito desemprego, muita desesperança, então esse tem sido o nosso desafio”, disse Orlando.
Orlando e Guilherme enfatizaram, ainda, que a conjuntura tem imposto a necessidade de uma frente ampla que tenha como centro a criação de um projeto nacional que defenda a democracia e a vida.
“Nós precisamos de um programa para enfrentar a reconstrução do Brasil, montar uma mesa de diálogo. Eu considero adequado não colocar nomes antes de debater as ideias centrais para que a gente possa dar um horizonte para o Brasil. Nós temos que retomar o fio da meada de Getúlio Vargas. De Getúlio para cá tivemos um período pequeno, na segunda metade dos anos 1970, em que se colocou como pauta o desenvolvimento nacional com o II Plano Nacional de Desenvolvimento. Isto é muito pouco para um país com a dimensão do Brasil. É preciso uma frente política com essa compreensão”, defendeu Orlando.
“Eu estive numa conversa pessoalmente, nesta quinta-feira, com Ciro Gomes aqui em São Paulo. O Ciro tem uma visão boa do Brasil, tem falado de projeto nacional numa abordagem bastante interessante, tem mirado no capital financeiro, coisa que acho muito importante e nos sentamos à mesa, mas não foi para discutir nome, foi para discutir projeto para o país”, completou.