Cidades fundaram órgão para adquirir imunizantes diante da escassez de vacinas oferecidas pelo governo federal
O número de municípios brasileiros que pediram adesão ao consórcio para compra de vacinas contra a Covid-19 organizado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) chegou a 2.172, incluindo 25 capitais. Juntos, eles representam uma população de 142 milhões de pessoas.
De acordo com levantamento da FNP, a adesão cresceu 27,5% entre sexta-feira (5), data que seria o limite para a lista final, e esta segunda-feira (8).O total de associados saltou de 1.703 para os 2.172.
Sem nenhuma ação concreta do governo Bolsonaro para que o Ministério da Saúde adquira doses de imunizantes, o presidente da FNP, Jonas Donizette afirmou, em coletiva, que o consórcio “vai atrás de todas as doses disponíveis”, inclusive com “recursos próprios”.
Na sexta, ao comentar se o consórcio seria um instrumento de pressão política para Bolsonaro comprar doses da vacina, ou se iria atuar efetivamente na compra de imunizantes, Jonas Donizette enfatizou que os municípios irão, de fato, ao mercado por vacinas.
Ficou definido pelo consórcio, que foi batizado de Conectar – Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras, que em caso de uso de recursos federais, de organismos internacionais ou doações do setor privado, a divisão de doses será proporcional a população dos associados.
Em caso de uso de recursos próprios dos municípios, cada um receberá o equivalente em doses ao investimento feito. “Se Campinas colocar dinheiro para comprar 50 mil doses, vai receber 50 mil doses”, explicou.
Dentre as mais de duas mil cidades que aderiram ao consórcio, está Araraquara, no interior de São Paulo, que viu seu sistema de saúde colapsar no fim de fevereiro devido à explosão dos números de casos de coronavírus na cidade. A Câmara Municipal de Vereadores aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (9), a entrada do município no Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras.
“Essa foi uma medida muito importante. É vital que Araraquara entre no consórcio da FNP para aquisição das vacinas. Nossa prioridade é salvar vidas, e apenas com a imunização em massa será possível vencer a Covid-19 e sairmos dessa crise. Mas não posso deixar de apontar que isso é fruto da omissão do governo Bolsonaro, que a não compra das vacinas é deixar a população à deriva, é se negar a assumir a responsabilidade que lhe cabe, é um crime contra o nosso povo”, considerou o vereador de Araraquara, Guilherme Bianco (PCdoB), após a adesão da cidade ao consórcio.
“É cruel deixar o ente federativo com menor arrecadação, com a atribuição de adquirir a vacina, ainda mais num contexto de uma queda gigante nos orçamentos dos municípios, que mal tem recebido aporte financeiro do Ministério da Saúde para bancar toda a rede de combate à pandemia”, ressaltou.