Um levantamento revela que a gestão de Jair Bolsonaro gastou apenas 30% da verba prevista para a compra de vacinas contra a Covid-19 no ano de 2021. Ou seja, dos R$ 22,29 bilhões autorizados, apenas R$ 6,9 bilhões foram efetivamente usados para a aquisição de imunizantes.
O levantamento, feito pelo portal Metrópoles, elaborado com base nos dados do Painel de Monitoramento dos Gastos da União para a Covid-19, do Tesouro Nacional, aponta ainda que no ano passado o governo federal só usou 9% do montante destinado para este fim: R$ 2,2 bilhões de R$ 24,51 previstos em orçamento.
Segundo o Ministério da Saúde, o orçamento para a aquisição dos imunizantes difere do que foi publicado pelo Tesouro. De acordo com a pasta, a dotação autorizada foi de R$ 30 bilhões, dos quais R$ 27,5 bilhões foram empenhados (91,5%) em favor de fornecedores de vacinas ou outros serviços necessários para a operação de imunização.
Desse montante, os pagamentos teriam alcançado R$ 8,8 bilhões, o equivalente a 29,4% da dotação autorizada.
O economista Gil Castello Branco, fundador da organização Contas Abertas, comenta entretanto que o fato de o governo ter um grande valor empenhado, ou seja, reservado para a compra, não significa necessariamente a concretização da aquisição.
“O fato de ter um valor grande empenhado e um pagamento muito pequeno talvez reflita a dificuldade para a entrega das vacinas. O governo fez a reserva no orçamento, mas tem dificuldade para a aquisição. O pagamento se dá depois da entrega do produto”, explica. E completa: “O empenho é o ovo na barriga da galinha. Ele pode ser cancelado”. Ou seja, o que vale é o que efetivamente foi pago.
Enquanto a vacinação avança em ritmo lento, o Brasil já ultrapassou a triste marca de 500 mil mortes em decorrência da Covid-19.
Para o Instituto OPS, entidade de fiscalização das contas públicas, a estratégia de vacinação do governo foi um “fiasco”.
“Fazer o Brasil figurar depois da 70ª posição entre os países que proporcionalmente mais vacinaram no mundo é um fiasco para quem sempre foi referência no quesito vacinação em massa. Essa é uma demonstração clara de que estamos perdendo a batalha para a ineficiência. O resultado disso está diante dos nossos olhos. Hospitais lotados e milhares de vidas perdidas todos os dias”, afirma o diretor-presidente da instituição, Lúcio Big.