“Os fatos são de extrema gravidade. Ameaça de Bolsonaro ao STF é duplamente tipificada como criminosa”, afirmou governador do Maranhão
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), afirmou que os crimes cometidos por Jair Bolsonaro no 7 de setembro, como ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF) e dizer que não vai cumprir ordens judiciais, devem ter uma “resposta institucional nos próximos dias e semanas”.
“Todos aqueles que têm autêntico espírito patriótico e democrático ficaram perplexos e indignados, uma vez que os fatos são de extrema gravidade”, afirmou em entrevista ao UOL.
Jair Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, de “canalha” e falou que o presidente do STF, Luiz Fux, deve “enquadrar” Moraes “ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos”.
Flávio Dino disse que “ainda que sejam manifestações estreitas, mais estreitas do que aquilo que se anunciava, estamos vendo o presidente da República desatinado, desgovernado e perpetrador de múltiplos crimes. Essa conduta de ameaça ao Supremo e a um de seus ministros é duplamente tipificada como criminosa”.
“Precisamos agir imediatamente para conter esses desatinos”, anunciou.
Dino elencou três possibilidades de respostas institucionais, sendo elas o impeachment, a cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a abertura, por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), de um processo pelo crime comum de ameaça contra Alexandre de Moraes.
“Há vários caminhos, entre eles o TSE afastar o presidente da República, cassar, eventualmente, a chapa. Isso não depende das casas parlamentares, basta o enquadramento dos fatos ocorridos em 2018 à Lei”.
“Temos também os processos de impeachment. Não acredito que o Arthur Lira consiga segurar isso indefinidamente” os diversos pedidos que já foram apresentados, continuou.
“E temos uma terceira hipótese. Ao chamar o ministro do Supremo de canalha, ele cometeu um crime comum. O próprio ministro pode entrar com uma ação penal contra ele, o Supremo pode pedir à Câmara autorização para processá-lo criminalmente”.
O governador acredita que “uma delas vai acabar se concretizando” por conta de “seu isolamento político, evidente a essas alturas, e seu estágio de insanidade”.
Dino ressaltou que essa movimentação “deve envolver todos os setores da política, que são alinhados com a civilização. Todos, sem exceção, independentemente do passado”.
Mesmo com o crescente isolamento de Bolsonaro, Flávio Dino acredita que será tentado um golpe. “Já está tentando, não se trata mais de uma previsão. A questão é saber até onde ele vai. Essa é a resposta institucional que o Brasil precisa dar nos próximos dias e semanas”.