A presidente da UNE relata que recebeu a solidariedade de vários setores e que os ataques contra ela continuam. “Incrivelmente, seguem acontecendo. Eu fiz essa denúncia e após a entrevista a repercussão não só foi crítica, em um sentido mais geral, mas foi feita a partir de uma rede de ódio”, contou.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, defendeu que os democratas devem dialogar com as pessoas que apoiaram Jair Bolsonaro, mas se arrependeram e apoiar sua entrada na frente que defende o impeachment.
“Essas pessoas foram enganadas e tem muita gente arrependida. Aí eu vou lá e digo ‘eu avisei que isso ia acontecer’? Eu não posso fazer isso, o país está vivendo um momento muito grave”.
“Articular uma desconstrução do Bolsonaro e do bolsonarismo, construindo uma frente ampla de derrota do Bolsonaro, também perpassa em dialogar com essas pessoas que foram enganadas por Bolsonaro, que estão arrependidas de terem acreditado nele e que querem encontrar um projeto de país”, continuou.
Bruna Brelaz participou, na sexta-feira (22), do UOL Entrevista. No programa, a presidente da UNE afirmou que todos os que defendem a democracia devem se unir para derrubar Jair Bolsonaro, e não esperar para as eleições de 2022.
Sem o impeachment, “a gente vai ter mais um ano de governo Bolsonaro, e a gente sabe o que ele é capaz de fazer. Nós não podemos subestimar Bolsonaro nunca mais. O grande perigo do Bolsonaro estar em 2022 é que ele não respeita a democracia, flerta com o fascismo e é a personificação do obscurantismo”, avaliou.
“Nem para o Lula o Bolsonaro em 2022 é bom. Não é bom para ninguém. O Bolsonaro é um dos principais responsáveis por a gente estar vivendo esse processo tão duro”.
Segundo Brelaz, existe a “necessidade” de “rapidez para que se remova Bolsonaro da Presidência da República” e, para isso, é necessário unir setores com diferentes posições políticas, desde que desejem a continuidade da democracia.
“O que nos move nessa articulação é a defesa da democracia, essa é a nossa urgência”.
“Alguns setores, principalmente os da direita, têm certa ilusão de domar o Bolsonaro e o bolsonarismo. Domar o bolsonarismo é a ideia mais errática que esses setores têm. Os recuos que ele faz são falsos”.
Nas redes sociais, parte da “esquerda” atacou Bruna Brelaz por ter se reunido com Fernando Henrique Cardoso, além de ter participado de um ato pelo Fora Bolsonaro organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL). Brelaz defende que o “debate que toma centralidade é o democrático”.
“Nós temos divergências profundas com o MBL, assim como com a política neoliberal do FHC. Mas existem, hoje, um debate que toma a centralidade que é o debate democrático. Esses setores têm se colocado à disposição para fazer essa discussão”.
“Eu não fui para aquele palco [do MBL, no dia 12 de setembro] para dizer que ‘agora eu concordo com vocês’, não. A gente continua divergindo. A gente só está defendendo o direito de construir as divergências e que a gente possa combater aquilo que nós consideramos algo equivocado”, afirmou.
“Na democracia, vamos enfrentar todos os ataques que eles fizeram ao campo da esquerda. Mas precisamos ter democracia para isso. Se eles estão topando defender o Fora Bolsonaro e defender a democracia, por que não podem ser um movimento partícipe no seu campo, na sua visão de ideia liberal?”, questionou.
Bruna Brelaz comentou no programa que depois de ter denunciado, em entrevista à Folha S.Paulo, os ataques que sofria da “esquerda” por estar articulando a frente ampla, esses ataques foram reiterados.
“Incrivelmente, seguem acontecendo. Eu fiz essa denúncia e após a entrevista a repercussão não só foi crítica, em um sentido mais geral, mas foi feita a partir de uma rede de ódio”, contou.
Bruna recebeu o apoio e a solidariedade de lideranças partidárias, como da ex-deputada federal, Manuela D’Ávila (PCdoB), o do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), da ex-senadora Marina Silva (Rede), da deputada Tábata Amaral (PSB), de centrais sindicais e de ex-presidentes da UNE.
Assista a entrevista na íntegra:
A presidente da UNE também recebeu recentemente o apoio da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam).
Veja a íntegra:
Nota de Solidariedade da CONAM a Bruna Brelaz – Presidenta da UNE
A CONAM – Confederação Nacional das Associações de Moradores vem a público se manifestar em solidariedade à Bruna Brelaz, Presidenta da UNE – União Nacional dos Estudantes.
Entendemos que ataques racistas, misóginos e carregados de ódio não combinam com a democracia, nem com a unidade de amplas forças democráticas que se apresentam na ordem do dia. O movimento comunitário sempre teve como característica o amplo dialogo e convivência harmoniosa nas diferenças.
É necessário que o campo progressista siga em permanente diálogo, buscando reforçar as mobilizações democráticas pela pauta central da atual conjuntural que é o #ForaBolsonaro!
Brasil, 21 de outubro de 2021.
Direção Executiva da CONAM