No partido de Bolsonaro, um deles foi condenado por tortura
O novo partido de Jair Bolsonaro, o PL, tem a maior parte de seus presidentes estaduais envolvidos em crimes, investigados ou condenados por corrupção.
Um levantamento feito pelo Estadão mostra que pelo menos 18 dos 27 presidentes de diretórios estaduais do partido têm envolvimento com crimes.
Os atuais presidentes estaduais são somente os que coadunam com a presença de Jair Bolsonaro no partido, visto que o presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, fez uma “limpa” para que ele se filiasse. Valdemar da Costa Neto foi um dos presos por corrupção no caso do “mensalão”.
Em São Paulo, o presidente estadual, José Tadeu Candelária, foi um dos citados pelo doleiro Lúcio Funaro em sua delação.
Funaro contou que Candelária foi o indicado de Valdemar da Costa Neto para receber o dinheiro da propina na cidade de São Paulo.
No Estado de Goiás, o líder do PL já foi condenado por tortura. Flávio de Paula Canedo tentou se candidatar à Prefeitura de Caldas Novas, mas foi impugnado por ser ficha suja.
Junto com dois capangas, Flávio de Paula Canedo torturou um homem por suspeitarem que ele tinha roubado uma espingarda. A vítima, Frederico Daniel de Carvalho, foi convidado para uma festa que era, na verdade, uma emboscada.
Ele recebeu uma paulada na cabeça e foi afogado várias vezes em uma bacia com água. Suas pernas e braços foram amarrados por uma corda que passava por seu pescoço. Os torturadores também amarraram e puxaram a sua língua com um cordão fino.
Flávio de Paula Canedo entrou com recursos para anular sua condenação, mas todos foram rejeitados. Os desembargadores envolvidos no processo avaliaram que o crime foi premeditado e que o membro do PL atuou para “atrair a vítima para o local dos fatos com o propósito específico de submetê-lo a sessões intermináveis de torturas”.
No Estado do Pará, o senador e dirigente do PL, Zequinha Marinho, que substituiu o anterior que não queria submeter o partido às ordens de Bolsonaro, responde na Justiça por ter organizado um esquema de “rachadinha” quando era deputado federal.
Os servidores de seu gabinete eram obrigados a devolver 5% do salário todos os meses, sob ameaça de demissão. O dinheiro era enviado para seu partido, que era o PSC. Em 2011, quando o escândalo foi revelado, o então deputado argumentou que era normal e legal fazer aquilo.
No Rio Grande do Norte, o presidente da legenda, deputado João Maia, desviou dinheiro de obras em rodovias federais através de um órgão do Ministério da Infraestrutura.
Ele foi acusado, em 2018, de peculato, corrupção passiva, associação criminosa, crime contra licitações e lavagem de dinheiro.
Sua ex-esposa, o ex-sogro e seu sobrinho também foram denunciados. O caso tramitou na Justiça Federal, mas atualmente está suspenso.
O deputado Édio Lopes, líder do PL em Roraima, é acusado de ter empregado funcionários fantasmas quando era deputado estadual, entre 2005 e 2006.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que ele tinha três assessores que não trabalhavam, mas recebiam salários.
No Paraná, o deputado e presidente do partido, Fernando Giacobo, respondeu na Justiça por formação de quadrilha em um esquema de sonegação de impostos, além de casos de sequestro e cárcere privado.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Giacobo teve sua concessionária beneficiada por um esquema de empresas fantasmas.
O dirigente partidário também sequestrou uma pessoa para conseguir de volta o dinheiro que investiu em uma fazenda, pois suspeitava que os documentos entregues eram falsos.
Os processos foram extintos por prescrição dos crimes. Dessa forma, ele nunca foi julgado.
Em Sergipe, o líder do partido é o empresário Edivan Amorim, que responde a um inquérito por crimes na obtenção de um empréstimo junto ao Banco do Nordeste, em 2012.
Edivan já foi condenado, em 2000, no caso do Banestado por ter praticado operações de crédito fraudulentas. O caso foi suspenso por um habeas corpus concedido aos investigados.