A colocação do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), que compara a política de combate à corrupção em diferentes países, caiu duas posições durante os últimos dois anos.
A ONG Transparência Internacional analisa as políticas de combate à corrupção em 180 países e produz o ranking a cada dois anos. Em 2020, o Brasil estava em 94º lugar. Agora, o país caiu para 96º.
A entidade citou que o governo de Jair Bolsonaro não fez “progressos no controle da corrupção” e adotou “medidas antidemocráticas e regressivas que violam os direitos das pessoas”.
“Ao longo de 2021, a região [Brasil] testemunhou graves ataques às liberdades de expressão, imprensa e associação, direitos civis e políticos fundamentais necessários para construir democracias saudáveis e livres de corrupção”, continuou.
Com os 38 pontos atingidos no ranking, de 100 possíveis, o Brasil está abaixo da média mundial e latina no combate à corrupção.
A média mundial é de 43 pontos, enquanto a latina é de 41 pontos.
O Brasil também está abaixo da média do Brics e do G-20.
Para a Transparência Internacional, a “corrupção possibilita violações de direitos humanos, dando abertura a uma espiral perversa e desenfreada. À medida que os direitos e as liberdades vão se erodindo, a democracia entra em declínio, dando lugar ao autoritarismo, que, por sua vez, possibilita níveis maiores de corrupção”.
DESMONTE
Bolsonaro sempre atuou para abafar os escândalos de corrupção desde que tomou posse na presidência.
Ele nomeou Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República (PGR), nome por fora da lista tríplice organizada pelos procuradores. Aras tem se notabilizado por esconder os ilícitos do governo e travar as investigações.
O relatório da ONG aponta o “alinhamento sistemático da PGR com o governo Bolsonaro, com retração sem precedentes na função de controle constitucional dos atos do governo e desmobilização do enfrentamento à macro corrupção”. Aras contesta, mas fato é fato.
Até hoje a denúncia de corrupção na compra da vacina Covaxin, descoberta e investigada pela CPI da Pandemia, não foi avante na PGR.
O escândalo do orçamento secreto, emendas de relator usadas pelo governo para comprar apoio parlamentar no Congresso, ilustra o grau de corrupção da gestão bolsonarista. Este ano serão reservados mais de R$ 16 bilhões para emendas dessa espécie, dinheiro que será desviado do orçamento para serem dirigidas às bases dos apoiadores governistas, sem controle do Congresso.
Além da PGR, Bolsonaro tratou de interferir e desmontar outros órgãos de fiscalização e controle, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que flagrou as movimentações financeiras suspeitas de Flávio Bolsonaro e escancarou o esquema de rachadinha no gabinete do filho 01 quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.
O relatório do Coaf mostrou que Fabrício Queiroz, amigo de pescaria de Bolsonaro e “faz tudo” de Flávio, movimentou R$ 1,2 milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017 e R$ 7 milhões quando o estudo avaliava de 2014 até 2017.
Bolsonaro tirou o Coaf do Ministério da Justiça e o colocou no Ministério da Economia para ter maior controle sobre o órgão e não deixar mais escapulir casos como o do seu filho Flávio.
Bolsonaro também mudou a direção da Polícia Federal, tanto no Rio como na direção geral, para blindar seus filhos e aliados implicados em falcatruas.