O premiado jornalista Hersh se notabilizou por denunciar o massacre de vietnamitas perpetrado por forças invasoras norte-americanas na aldeia de Mi Lai
De acordo com Seymour Hersh, internacionalmente conhecido por ter sido o primeiro a denunciar o massacre de Mi Lai no Vietnã, a decisão de sabotar os gasodutos foi tomada pelos EUA em dezembro de 2021. Os explosivos foram colocados em junho por mergulhadores, usando como cobertura as manobras anuais da Otan no Báltico, coincidentemente ao largo da ilha de Bornholm. Coube a um avião de vigilância P8 norueguês lançar no local uma boia de sonar em 22 de setembro, que acionou as explosões horas depois. No dia 7 de fevereiro, Biden havia garantido que os EUA iriam “eliminar o Nord Stream”.
O jornalista investigativo norte-americano e ganhador do prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, afirmou na quarta-feira (8) em artigo intitulado “How America Took Out The Nord Stream Pipeline” (Como a América eliminou o gasoduto Nord Stream, em tradução livre) publicado no Substack, que mergulhadores da Marinha dos EUA plantaram explosivos para destruir os gasodutos Nord Stream no ano passado.
Desde que mostrou ao mundo o massacre de Mi Lai, em 1969, no Vietnã, além de prêmios jornalísticos Hersh granjeou uma reputação de seriedade e independência, tendo em 2004 cumprido um papel chave na denúncia da tortura na prisão de Abu Graib, no Iraque ocupado. Em 2014, ele expôs como a CIA municiava os terroristas na guerra por procuração contra a Síria.
É Hersh que agora escreve que “em junho do ano passado, mergulhadores da Marinha [dos EUA], operando sob a cobertura de um exercício da Otan amplamente divulgado no meio do verão [europeu], conhecido como Baltops 22, plantaram os explosivos acionados remotamente que, três meses depois, destruíram três dos quatro gasodutos Nord Stream, de acordo com uma fonte com conhecimento direto do planejamento operacional”.
NOVE MESES
Segundo o jornalista, a decisão do governo norte-americano de sabotar os gasodutos ocorreu “após mais de nove meses de debates altamente secretos dentro da comunidade de segurança nacional de Washington” e que a missão levou todo esse tempo não “por uma questão de não a cumprir”, mas sim “como realizá-la sem nenhuma pista clara de quem era o responsável”. O planejamento – ele acrescenta – para explodir os gasodutos “começou em dezembro de 2021, dois meses antes de começar a operação russa na Ucrânia”.
“Desde seus primeiros dias, o Nord Stream 1 foi visto por Washington e seus parceiros antirrussos da Otan como uma ameaça ao domínio ocidental”, reiterou Hersh. “Os temores políticos dos Estados Unidos eram reais: [Vladimir] Putin teria agora uma importante fonte de renda adicional e muito necessária, e a Alemanha e o restante da Europa se tornariam viciados em gás natural de baixo custo fornecido pela Rússia”, continua o jornalista, em registro do portal Sputnik.
Hersh ressaltou que se para a Otan e Washington o “Nord Stream 1 já era perigoso o suficiente, udo piorava com o Nord Stream 2 […], “se aprovado pelos reguladores alemães, dobraria a quantidade de gás barato que estaria disponível para a Alemanha e [o resto da] Europa”. Em paralelo, destacou o jornalista e escritor, sob a “agressiva política externa do governo Biden”, as tensões “aumentavam constantemente entre a Rússia e a Otan”.
A oposição ao segundo gasoduto já havia sido explicitada na véspera da posse de Biden em janeiro de 2021: republicanos do Senado, liderados por Ted Cruz, levantaram repetidamente a ameaça política do gás natural russo barato durante a audiência de confirmação de Antony Blinken como secretário de Estado. A essa altura, um Senado unificado havia aprovado com sucesso uma lei que, como Cruz disse a Blinken, “interrompeu [o gasoduto] em seu curso”, acrescentou o veterano jornalista.
PLANEJAMENTO DA SABOTAGEM
De acordo com Hersh, o planejamento para explodir os gasodutos começou em dezembro de 2021, dois meses antes de começar a operação russa na Ucrânia. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, convocou uma reunião de uma força-tarefa envolvendo membros do Estado-Maior Conjunto, da CIA e dos Departamentos de Estado e do Tesouro, e pediu recomendações sobre como responder à operação russa.
“Seria a primeira de uma série de reuniões ultrassecretas, em uma sala segura no último andar do Old Executive Office Building, adjacente à Casa Branca, que também abrigava o Conselho Consultivo de Inteligência Estrangeira do Presidente [PFIAB] […] O que ficou claro para os participantes, de acordo com a fonte com conhecimento direto do processo [citada por Hersh], é que Sullivan pretendia que o grupo apresentasse um plano para a destruição dos dois gasodutos Nord Stream, e que ele estava cumprindo os desejos do presidente”, diz o jornalista.
Ainda segundo o artigo, a Marinha dos EUA propôs o uso de um submarino recém-comissionado para atacar diretamente o gasoduto; a Força Aérea discutiu o lançamento de bombas com fusíveis retardados que poderiam ser ativados remotamente e a CIA argumentou que o que quer que fosse feito, teria que ser secreto. Todos os envolvidos entenderam o que estava em jogo. “Isso não é coisa de criança”, disse a fonte. Se o ataque fosse rastreável aos Estados Unidos, “é um ato de guerra”.
Sendo assim, no início de 2022, o grupo de trabalho da CIA relatou ao grupo interagências de Sullivan: “Temos uma maneira de explodir os gasodutos”, afirmou Hersh.
“VAMOS ACABAR COM ISSO”
Em 7 de fevereiro, menos de três semanas antes da operação na Ucrânia, Biden se reuniu em seu escritório na Casa Branca com o chanceler alemão Olaf Scholz, que, depois de algumas oscilações, agora estava firmemente no time americano. Na coletiva de imprensa que se seguiu, Biden disse desafiadoramente: “Se a Rússia invadir […] não haverá mais um Nord Stream 2. Vamos acabar com isso.”
Com o “anúncio” de Biden, Hersh diz que “vários dos envolvidos no planejamento da missão ficaram consternados com o que consideraram referências indiretas ao ataque” e que a ideia “era que as opções fossem executadas após a invasão e não anunciadas publicamente. Biden simplesmente não entendeu ou ignorou”, disse uma fonte ao jornalista.
Segundo Hersh, a Noruega foi o local escolhido para os norte-americanos colocarem seu plano em ação, uma vez que “nos últimos anos, os militares dos EUA expandiram enormemente sua presença dentro da Noruega […] o Pentágono criou empregos e contratos com altos salários, em meio a alguma controvérsia local, investindo centenas de milhões de dólares para atualizar e expandir as instalações da Marinha e da Força Aérea americana no país”.
NORUEGA CÚMPLICE
“Hoje, o comandante supremo da Otan é Jens Stoltenberg, um anticomunista convicto, que serviu como primeiro-ministro da Noruega por oito anos antes de se mudar para seu alto posto na Otan, com apoio americano, em 2014. Ele era linha dura em tudo relacionado a Putin e Rússia, e cooperou com a comunidade de inteligência americana desde a Guerra do Vietnã. Ele tem sido totalmente confiável desde então, ele seria ‘a luva que se encaixa na mão americana'”, afirmou uma fonte ao jornalista.
Em algum momento de março passado, continua o texto, alguns membros da equipe norte-americana voaram para a Noruega para se encontrar com o Serviço Secreto e a Marinha do país. Uma das questões-chave era onde exatamente no mar Báltico era o melhor lugar para plantar os explosivos, sendo que a Marinha norueguesa foi rápida em encontrar o local certo, nas águas rasas do mar Báltico, a alguns quilômetros da ilha dinamarquesa de Bornholm.
Para missão, foram recrutados mergulhadores da Cidade do Panamá, segundo Hersh: “Os melhores mergulhadores com qualificações de mergulho profundo são uma comunidade restrita, e apenas os melhores são recrutados para a operação e instruídos a se prepararem para serem convocados para a CIA em Washington”, afirma.
Agora, os noruegueses e americanos tinham localização e agentes, mas havia outra preocupação: qualquer atividade subaquática incomum nas águas de Bornholm poderia chamar a atenção das Marinhas sueca ou dinamarquesa, que poderiam denunciá-la.
MANOBRA ANUAL DA OTAN COMO COBERTURA
Mas os noruegueses tiveram uma solução: todo mês de junho, nos últimos 21 anos, a 6ª Frota Americana patrocinou um grande exercício da Otan no mar Báltico envolvendo dezenas de navios aliados em toda a região. “O exercício atual, realizado em junho, conhecido como Baltops22, e os noruegueses propuseram que esta seria a cobertura ideal para plantar as minas”.
Do lado norte-americano, um elemento vital foi oferecido: eles convenceram os planejadores da 6ª Frota a acrescentarem um exercício de pesquisa e desenvolvimento ao programa.
“O evento no mar seria realizado na costa da ilha de Bornholm e envolveria equipes da OTAN de mergulhadores plantando minas, com equipes concorrentes usando a mais recente tecnologia subaquática para encontrá-las e destruí-las […] Os meninos da Cidade do Panamá fariam o que queriam e os explosivos C4 estariam no local no final do Baltops22, com um cronômetro de 48 horas anexado. Todos os americanos e noruegueses já teriam ido embora na primeira explosão”, diz Hersh.
Uma vez instalados, os dispositivos de cronometragem atrasados ligados a qualquer um dos quatro gasodutos podem ser acionados acidentalmente pela complexa mistura de ruídos de fundo do oceano em todo o mar Báltico de tráfego intenso – de navios próximos e distantes, perfuração subaquática, eventos sísmicos, ondas e até criaturas do mar.
Para evitar isso, a boia do sonar, uma vez posicionada, emitiria uma sequência de sons tonais únicos de baixa frequência – muito parecidos com os emitidos por uma flauta ou um piano – que seriam reconhecidos pelo dispositivo de cronometragem e, após um horário predefinido de atraso, acionaria os explosivos.
BOIA DE SONAR USADA COMO DETONADORA
Em 26 de setembro de 2022, um avião de vigilância P8 da Marinha Norueguesa fez um voo aparentemente rotineiro e lançou uma boia de sonar. O sinal se espalhou debaixo d’água, inicialmente para o Nord Stream 2 e depois para Nord Stream 1. Algumas horas depois, os explosivos C4 de alta potência foram acionados e três dos quatro gasodutos foram desativados.
Em poucos minutos, poças de gás metano que permaneceram nos dutos fechados puderam ser vistas se espalhando na superfície da água e o mundo soube que algo irreversível havia acontecido.
DISSIMULAÇÃO
“Imediatamente após o bombardeio do gasoduto, a mídia americana o tratou como um mistério não resolvido. A Rússia foi repetidamente citada como provável culpada, estimulada por vazamentos calculados da Casa Branca – mas sem nunca estabelecer um motivo claro para tal ato de autossabotagem, além de uma simples retribuição”, escreveu Hersh.
Embora nunca tenha ficado claro por que a Rússia tentaria destruir seu próprio gasoduto lucrativo, uma justificativa mais reveladora para a ação de Biden veio do secretário de Estado, Blinken, assinalou o jornalista.
Questionado em uma coletiva de imprensa em setembro passado sobre as consequências do agravamento da crise energética na Europa, Blinken descreveu o momento como potencialmente bom.
“É uma tremenda oportunidade para remover de uma vez por todas a dependência da energia russa e, assim, tirar de Vladimir Putin a armação da energia como meio de avançar em seus desígnios imperiais. Isso é muito significativo e oferece uma tremenda oportunidade estratégica para os próximos anos”, disse Blinken citado pelo jornalista.
REPERCUSSÃO
O relato de Hersh foi publicado no dia 8, e mais tarde, o próprio jornalista confirmou à Sputnik que o texto era autêntico e de sua autoria. A Casa Branca, através da porta-voz Adrienne Watson, rejeitou as alegações e as classificou como “falsas e completa ficção”.
Na primeira manifestação russa sobre a questão, a porta-voz da chancelaria, Maria Zakharova, postou em sua conta no telegrama que “agora, todos esses fatos devem ser comentados pela Casa Branca”. Antes, ela assinalara que “notamos repetidamente a relutância da Dinamarca, Alemanha e Suécia em realizar uma investigação aberta e a oposição à participação da Rússia. E isso, apesar do fato de nosso país ter incorrido em custos enormes”.
Segundo Zakharova, a Rússia verificou repetidamente a intenção dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de “destruir a infraestrutura civil por meio da qual a Europa recebeu recursos energéticos russos”.
EUA sempre criminoso. O pior país do mundo.
Seu modelo econômico, de criar e distribuirdinheiro dinheiro do nada não tem como funcionar para sempre.
Por isso, para esse sistema trapaceiro sobreviver é necessário roubar constantemente outras nações.
Crimes cometidos pelos EUA não me surpreendem, o que me surpreende é a burrice dos governantes europeus de se submeter aos EUA.
Fico com medo da resposta Russa. Costuma não ser de imediato, são frios, calculistas mas, quando se vingarem, sai de baixo. O Império do mal, da pilhagem e do caos não perde por esperar…enquanto esse senil do Biden estiver no poder e a indústria armamentista financiarem o seu partido, o mundo não será um lugar tranquilo de cooperação e boa vontade.
Precisamos ampliar a divulgação e o debate sobre psicopatia por todo o mundo! Desde o início da civilização, dos faraós aos “Bill’s Gattes”, os psicopatas vêm disseminando sofrimento e morte pelo planeta… Somente a partir de análise e discussão aprofundada sobre essas criaturas, conseguiremos encontrar a solução para essa tão sonhada transformação do mundo, em “um lugar tranquilo de cooperação e boa vontade”.