“Desde a oposição ao fascismo na Segunda Guerra Mundial até a mobilização contra o apartheid na África do Sul e contra a guerra dos Contras, o UAW sempre defendeu a justiça em todo o mundo.”
O Sindicato dos Trabalhadores nas Montadoras (UAW, na sigla em inglês) tornou público na sexta-feira (1º) – dia em que Israel retomou o genocídio no enclave palestino – que está exigindo um “cessar-fogo imediato em Gaza”.
O apoio do principal sindicato dos EUA ao cessar-fogo foi manifestado durante a ida de uma comitiva de líderes sindicais até às portas da Casa Branca, onde ativistas mantêm uma greve de fome em repúdio ao apoio do governo Biden à carnificina.
“Estou orgulhoso de que a UAW esteja pedindo um cessar-fogo em Israel e na Palestina”, escreveu o presidente da UAW, Shawn Fain, em uma publicação nas redes sociais na sexta-feira.
“Desde a oposição ao fascismo na Segunda Guerra Mundial até a mobilização contra o apartheid na África do Sul e contra a guerra dos Contras, o UAW sempre defendeu a justiça em todo o mundo.”
Em frente à Casa Branca, o endosso do sindicato ao cessar-fogo foi feito por Brandon Mancilla, diretor da UAW, segundo o In These Times.
“Mancilla estava em uma entrevista coletiva com líderes trabalhistas e sindicalistas de todo o país que viajaram a Washington, para ficar lado a lado com uma ampla coalizão multirracial de políticos, organizadores e ativistas que estão em greve de fome de cinco dias fora da Casa Branca para exigir um cessar-fogo permanente”, relatou Mindy Isser.
Mancilla anunciou ainda que o Sindicato dos Trabalhadores das Montadoras formará um Grupo de Trabalho de Desinvestimento e Transição Justa para “estudar a história de Israel e da Palestina, os laços econômicos de nosso sindicato com o conflito e explorar como podemos ter uma transição justa para os trabalhadores dos EUA da guerra para a paz”.
O UAW, que tem 400 mil associados e representa também 580 mil metalúrgicos aposentados, saiu muito fortalecido de sua recente e vitoriosa greve nas três grandes de Detroit, GM, Ford e Stellantis.
SOLIDARIEDADE AOS PALESTINOS SE AMPLIA
Antes do UAW, o maior sindicato que havia pedido o cessar-fogo havia sido o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios (APWU, na sigla em inglês), que tem 100 mil associados.
No mês passado, a APWU pediu “um cessar-fogo imediato, a libertação de reféns e a ajuda humanitária urgentemente necessária ao povo de Gaza”. “O clamor da humanidade exige nada menos [do que o cessar-fogo]”.
Também dezenas de sindicatos assinaram uma petição lançada pela United Electrical, Radio and Machine Workers of America, que exige a libertação de todos os reféns, o fim do cerco de Israel a Gaza e um cessar-fogo que prepare o terreno para “negociações para uma paz duradoura”.
Até aqui, a central AFL-CIO segue sua tradicional política de cumplicidade com as guerras desencadeadas pelo imperialismo e seus apêndices.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Mark Dimondstein, que foi pessoalmente até a porta da Casa Branca apoiar a greve de fome de cinco dias contra o genocídio em Gaza, onde disse que “como trabalhadores, estamos ao lado dos oprimidos e inocentes, milhares dos quais perderam a vida nos últimos dois meses”, disse.
“Nos unimos aos sindicatos e pessoas de boa vontade em todo o mundo em apelos por justiça e paz.”
‘NUNCA MAIS’ SIGNIFICA NUNCA MAIS PARA TODOS
A greve de fome, às portas da Casa Branca, contra o sinal verde dos EUA ao genocídio perpetrado por Israel em Gaza, foi anunciada na última segunda-feira, por entidades e grupos de defesa dos direitos humanos, deputados estaduais e artistas, entre eles Adalah Justice Project (AJP), Comitê Antidiscriminação Árabe-Americano, Voz Judaica pela Paz, IfNotNow, Socialistas Democráticos da América, Dream Defenders, Instituto para a Compreensão do Oriente Médio e a Campanha dos EUA pelos Direitos Palestinos (USCPR).
Atriz Cynthia Nixon é signatária da carta de 200 artistas a Biden e ao Congresso exigindo o cessar-fogo
Cynthia Nixon – conhecida por Sex & the City – disse que “como mãe de crianças judias cujos avós são sobreviventes do Holocausto, fui convidada por meu filho a usar minha plataforma para projetar o mais alto possível que ‘nunca mais’ significa nunca mais para todos”. Ela é signatária da carta de 200 artistas dirigida ao presidente Biden e ao Congresso dos EUA exigindo que apoiem o cessar-fogo.
“Como americana, estou aqui para exigir que nosso presidente pare de financiar o assassinato em massa e a fome de milhares de palestinos inocentes, a maioria dos quais são crianças e mulheres”, continuou a atriz.
“O presidente Biden deve usar este momento para negociar um cessar-fogo permanente que traga todos os reféns e presos políticos para casa e comece a estabelecer as bases para uma paz duradoura.”
“Os palestinos em Gaza merecem poder prantear seus mortos e é surpreendente que tenhamos que dizer isso, mas os palestinos em Gaza merecem viver.”
“Não podemos escapar das imagens de crianças sem vida e em pedaços”, disse a diretora da USCPR, Iman Abid-Thompson, acrescentando que “todos nós assistimos à destruição de Gaza e vimos famílias inteiras, todas as gerações, enterradas em valas comuns”. E concluindo: “somos assombrados pelos mortos e pelos vivos, e nunca esqueceremos o que testemunhamos”.