Cotado para prefeitura do Rio de Janeiro, Ramagem estava à frente da Abin no período em que há acusação de espionagem por meio da agência
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de caótico, foi atravessado por corrupção, de cima a baixo. Eis que surgem indícios de desvios graves na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) praticados pelo ex-diretor-geral e que a PGR (Procuradoria-Geral da República) suspeita de que Alexandre Ramagem esteja por trás disso.
A PGR desconfia que o agora deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro tenha sido corrompido para evitar a divulgação de informações sobre o uso irregular do software espião durante a gestão dele como diretor na Abin. Estas informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Além de ter estado no comando da agência durante o governo Jair Bolsonaro, Ramagem também é apoiado pelo ex-presidente na intenção de o deputado se candidatar à Prefeitura do Rio de Janeiro.
OPERAÇÃO ÚLTIMA MILHA
As suspeitas relacionadas a Ramagem foram utilizadas pelos investigadores da PF (Polícia Federal) para deflagrar a Operação Última Milha, em outubro de 2023, que prendeu oficiais da Abin e afastou servidores.
Os investigados são suspeitos de participação na compra e uso do FirstMile, software capaz de monitorar a geolocalização de aparelhos celulares.
Apesar de ser citado pela PGR, Ramagem não foi alvo da ação. No entanto, ele é citado no inquérito relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Ramagem foi procurado pela imprensa para se posicionar sobre ter sido citado em tais documentos, porém o deputado disse que “representou na Polícia Federal” para obter informações sobre tais questões.
ATUAÇÃO DE RAMAGEM
Segundo a PGR, Ramagem teria atuado para retardar o julgamento dos dois servidores Eduardo Izycki e Rodrigo Colli, que eram investigados dentro da Abin por terem atuado em licitação do Exército usando empresa em nome de parentes.
Os servidores teriam se aproveitado de que sabiam do uso indevido do sistema de espionagem para provocar Ramagem.
Assim, ainda segundo a imprensa, o ex-diretor da Abin teria convertido o julgamento em diligência, com a nomeação de nova comissão processante, e deixado de submeter as conclusões da primeira comissão ao ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), responsável por apreciar e decidir sobre esses casos.
“Há indícios de prática de concussão e de corrupção ativa de Eduardo Izycki e Rodrigo Colli e de corrupção passiva pelo ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem”, entende a PGR.
Concussão é a atitude de pessoa que tem ou vai assumir cargo público, e utiliza esse cargo de alguma forma para exigir, para si ou para outro, algum tipo de vantagem indevida.