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O ataque aéreo israelense “queimou um quarteirão inteiro” em Rafah, “queimaram pessoas vivas”, denunciou um sobrevivente à Al Jazeera
Pelo menos 35 civis palestinos morreram e dezenas de outros ficaram feridos em Rafah neste domingo (26), em grande parte mulheres e crianças, por um ataque aéreo israelense em que pelo menos oito mísseis foram disparados contra tendas que abrigavam refugiados, muitos deles recém fugidos da área oriental da cidade sob invasão, incendiando tudo.
Um sobrevivente disse à Al Jazeera que o ataque aéreo “queimou um quarteirão inteiro”. “Queimaram pessoas vivas”.
O bombardeio aconteceu nas imediações de um armazém da agência da ONU para os refugiados palestinos, UNRWA, no bairro de Tel al-Sultan.
Postagens do local mostram tendas em chamas, tentativas de salvamento, desespero e indignação. Uma chacina, denunciaram as autoridades de Gaza e organizações de direitos humanos, agravada por acontecer 48 horas depois de a Corte Internacional de Justiça da ONU ter ordenado a Israel que interrompa os ataques a Rafah.
“Os ataques aéreos queimaram as tendas, as tendas estão derretendo e os corpos das pessoas também estão derretendo”, relatou um dos moradores que chegou ao hospital kuwaitiano em Rafah, segundo Middle East Eye.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que seu hospital de campanha em Rafah estava recebendo um enorme afluxo de vítimas.
Ainda segundo o relato da MEE, “estamos vendo postagens emergindo on line que são aterradoras. Vemos pessoas que não podem ser reconhecidas porque seus corpos estão completamente deformados. O número de mortos deverá aumentar”.
O portal denunciou, ainda que o único hospital operando em Rafah é o Hospital Kwaitiano, “que não tem uma UTI”. Há – acrescentou – um par de hospitais de campo na cidade, mas desafortunadamente não há combustível para as ambulâncias transportarem todos os feridos.
Sobreviventes do ataque israelense ao campo de deslocados em Rafah falaram com a Al Jazeera. “Eu estava andando e olhando para o meu telefone quando a área foi atingida”, disse um sobrevivente.
“Não percebi o que tinha acontecido. Eu não tinha ideia do que tinha se tornado minha família. Minha mãe estava comigo e meu irmão ficou ferido no acampamento. Caí no chão e vi que minha perna estava aberta.”
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Em comunicado, o Hamas classificou o assassinato em massa de civis deslocados no oeste de Rafah de “especialmente hediondo”, já que os militares israelenses haviam declarado a área uma “zona segura”.
“Responsabilizamos totalmente o governo americano e o presidente Biden, em particular, por este massacre”, acrescentou o Hamas, sublinhando que os ataques aéreos ocorrem “em completo desafio e desrespeito” às ordens da Corte Internacional de Justiça (CIJ) de interromper as operações militares de Rafah, registrou o Palestine Chronicle.
O lado palestino pediu aos mediadores, especialmente ao vizinho Egito, que pressionem Israel a reabrir a passagem de Rafah e facilitem a saída de palestinos feridos ou doentes para tratamento, assim como a retomada da entrada da ajuda humanitária.
Horas antes desse massacre, o Monitor de Direitos Humanos Euro-Mediterrâneo, baseado em Genebra, havia denunciado que já haviam sido mais de 60 ataques aéreos contra Rafah, desde a ordem de parar as operações militares na cidade, na sexta-feira.
Até aí, “13 palestinos foram mortos depois da ordem da Corte de Haia, incluindo seis membros da família Qishta family, uma mãe idosa e três filhos – duas garotas e um menino – e um filho adulto e seus dois filhos”. Eles foram mortos em Khirbet al-Adas, no norte de Rafah, que não fazia parte das ordens de evacuação israelenses.