“Para nós, é essencial repor reservas e isso significa que é essencial continuar explorando petróleo”, disse a nova presidente da Petrobrás. Ela garantiu também que vai seguir “abrasileirando” os preços dos combustíveis
A nova presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, afirmou, em entrevista coletiva na segunda-feira (27), que o presidente Lula lhe deu a missão de gerir a empresa com “respeito à sociedade brasileira”.
A presidente da estatal também defendeu o avanço das atividades exploratórias na costa brasileira, que inclui a Margem Equatorial, com o objetivo de garantir a segurança energética e o abastecimento de combustíveis no país.
“Para nós, é essencial repor reservas e isso significa que é essencial continuar explorando petróleo”, disse Magda Chambriard, em sua primeira entrevista, após tomar posse no cargo, na sexta-feira (24).
“A Petrobrás é uma empresa com trajetória de imensos desafios. O pré-sal foi um deles e foi superado. Hoje, temos mais um. E temos a garantia da segurança energética do país em um momento em que também temos que enfrentar a transição energética”, declarou.
Para poder realizar estudos no chamado bloco FZA-M-59, localizado no litoral do Amapá, o maior potencial entre 42 blocos na Margem Equatorial brasileira, a Petrobrás ainda aguarda uma liberação por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Apesar de estar a 500 km da foz do rio Amazonas e a 2.800 metros de profundidade, a autorização para realizar pesquisas neste bloco foi negada em maio de 2023, mas a direção da estatal recorreu no mês seguinte, pediu a reconsideração por parte do órgão, afirmando que a Petrobrás cumpriu todas as exigências técnicas demandadas pelo órgão para o projeto exploratório e que tem as condições de atender as exigências adicionais.
Magda Chambriard disse que esclarecerá melhor aos técnicos do Ibama os planos da Petrobrás para a região.
“Precisamos ter autorização para explorar. Vamos ter que conversar com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e mostrar o que a Petrobrás está ofertando em cuidado com o meio ambiente, muito mais do que a lei demanda. O Ministério de Minas e Energia (MME) está louco para perfurar”, comentou Magda, que seguiu.
“O histórico da Petrobrás é de respeito à sociedade. O Ministério do Meio Ambiente precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade de a Petrobrás e o país explorar petróleo e gás até para liderar a transição energética”, defendeu.
Atualmente, a exploração de petróleo vinda do pré-sal corresponde a 26% da balança comercial do Brasil, segundo Chambriard, que alerta para o declínio do pico dessas reservas por volta de 2030.
“Temos de tomar cuidado com as reposições da reserva. E está fora de cogitação a importação”, afirmou Magda Chambriard. “É trazer a necessidade de explorar novas fronteiras, como a questão do Amapá, na Margem Equatorial, e Pelotas, no Sul do Brasil. Isso tem que ser enfrentado e acelerado. Isso faz parte de uma lógica negocial da empresa. Avançar em novas fronteiras e incentivar a cadeia nacional estão no nosso escopo. É garantir uma Petrobrás com perenidade de atuação”, argumentou.
Para a nova presidente da estatal, o debate sobre se o Brasil deve ou não seguir explorando sua fronteira não pode ficar restrito “a uma instituição única, a gente sai perdendo. Se o Ministério de Minas e Energia tem uma posição e o Ministério do Meio Ambiente tem outra, o árbitro tem de ser o presidente da República”, defendeu.
Questionada sobre a nova política de preços dos combustíveis na Petrobrás, Magda Chambriard disse que manterá a nova política comercial da empresa para os combustíveis, conhecida por “abrasileiramento de preços”, defendida pelo presidente Lula.
“Indesejável é trazer para a sociedade uma instabilidade de preços. O presidente Lula prometeu abrasileirar os preços, e isso foi feito. É uma lógica empresarial. Isso não é uma invenção. Essa simples mudança representou, de janeiro de 2023 até hoje, uma redução no diesel de quase 25%. Isso foi feito e vamos continuar fazendo”, afirmou.
Chambriard também não descartou a recompra da Refinaria de Mataripe, na Bahia – antiga Rlam da Petrobrás vendida no governo de Jair Bolsonaro. “Se for um bom negócio, por que não?… O refino foi feito para agregar valor. O refino agrega valor. E, enquanto agregador de valor, nos interessa. E historicamente isso acontece”, completou.